O Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado no Vale do Tejo é um autêntico banho de imersão na pré-história.
Podemos ver objectos, muitos deles originais, fazer uma visita guiada a pinturas rupestres no parque arqueológico do rio Ocreza, recolher informação numa biblioteca especializada e até visitar laboratórios e conversar com investigadores nacionais e estrangeiros. Cada um escolhe o seu mergulho preferido na pré-história.
O ponto de partida é sempre o Museu em Mação.
As instalações não são grandes mas permitem ver dezenas de objectos da pré-história, sobretudo do neolítico. A maioria são achados arqueológicos entre a região de Mação e as serras de Aire e Candeeiros.
Com o sílex, o barro e o bronze consegue-se perceber o comportamento das várias comunidades ao longo de séculos. Também se tem a percepção de cada um dos objectos deixando ao visitante imaginar muitas dessas funções e fugindo à leitura que a arqueologia possa impor.
Citando Vergílio Ferreira que está referenciado numa das paredes do Museu: “o indeciso e flexível da imaginação é sempre mais fascinante do que a nitidez do real”.
A exposição tem como tema Do Gesto à Arte. Criar, Fazer, Comunicar. Cada vitrina é um gesto.
Uma parte significativa do Museu é dedicada à arte rupestre onde há uma réplica que as pessoas podem tocar. Após marcação e com ajuda de técnicos do Museu é possível ter uma visita guiada ao Parque Arqueológico e Ambiental do Ocreza.
É um território quase selvagem, com vistas enormes e onde se pode encontrar toda a tipologia de arte rupestre que existe em Portugal. Uma das mais relevantes é do Paleolítico e está inscrita no Complexo Rupestre do Vale do Tejo.
Com a barragem do Fratel muitas gravuras do Tejo ficaram submersas e no rio Ocreza ainda é possível ver algumas.
Anabela Pereira, técnica de Conservação do Museu, diz que numa manhã ou numa tarde consegue-se visitar o Museu e as pinturas rupestres.
Quem procura um conhecimento mais profundo tem a biblioteca do Museu que é especializada em pré-história. É frequentada por muitos estudantes.
Outra possibilidade é uma visita ao Instituto Terra e Memória onde se faz investigação em várias áreas do conhecimento. O Instituto (ITM) reúne várias instituições e é um pólo científico com investigadores nacionais e estrangeiros.
Tendo em conta o acervo e a diversidade de iniciativas o Museu de Arte Pré-Histórica já recebeu vários prémios internacionais. Recentemente foi distinguido com uma Cátedra da Unesco intitulada “Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território”.
O Museu tem ainda uma vertente etnográfica que devido à reduzida dimensão das instalações e o foco museológico ser a pré-história está a dar origem aos chamados “Espaços de Memoria”.
São pequenos núcleos museológicos nas várias freguesias e associações locais que expõem objectos etnográficos. “São espaços de memoria porque mais importante do que o objecto é a história que ele conta”. Os espaços de memoria também podem ser visitados após uma ida ao núcleo central de Mação.
O Museu não é apenas de História. Também tem a sua história que é fortemente determinada por João Calado Rodrigues. Foi um estudioso da arqueologia que fez um levantamento exaustivo no concelho de mação e descobriu vários sítios arqueológicos.
Um deles, nos anos 40 do século XX, foi um dos maiores esconderijos de fundidores do bronze na Península Ibérica. Alguns destes objectos estão no Museu e quando foram descobertos provocaram um forte impulso para a criação de um espaço museológico. No entanto, João Calado Rodrigues não conseguiu ver o seu sonho realizado. O seu projecto foi entretanto retomado e o Museu foi aberto ao público em 1986.
Com a descoberta das gravuras rupestres o Museu foi profundamente reformulado. Abriu de novo em 2005, apostou na pré-história e alargou a sua actividade à área científica e de investigação.
Mergulho na pré-história no Museu de Mação faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Mergulho na pré-história no Museu de Mação, pode ouvir aqui.