Francisco Miguel há 21 anos que faz a transumância com as ovelhas bordaleiras à Serra da Estrela.

Desta vez teve de regressar mais cedo porque algumas das ovelhas estavam grávidas e duas ou três “já tinham parido e depois não há tempo para guardar os borregos”.
Estão de regresso a Santa Comba de Seia.     Encontrei-o no Sabugueiro ao anoitecer. Era ali que ia passar a noite. O som do rebanho ouvia-se longe. Eram cerca de 850 animais que pertenciam a quatro rebanhos. O maior é o de Francisco Miguel que tem quase 500 ovelhas. Os outros são do pai, do filho e de uma outra pessoa.

Andou no alto da Serra da Estrela um mês e duas semanas mais um rapaz. Ainda apanhou uns dias de chuva mas Francisco Miguel diz que gosta de andar na Serra.
O esforço também compensa por causa do pasto “e as ovelhas renovam o sangue, é bom para elas”.

O hábito é a transumância ser maior. Prolongar até ao final do Verão a estada na serra. Chegou a regressar no inicio de Outubro. Agora não, “o tempo está muito ruim cá para cima, com geadas durante a noite e a serra cada vez está mais suja”.
As ovelhas já estão habituadas à transumância. Também leva alguns cães mas os perigos para o rebanho agora são menores. Não há lobos. Só aparecem episodicamente raposas e javalis.

Regressados a casa continua a pastorícia e uns meses depois é a recolha de leite para a produção de queijo.
As cerca de 850 ovelhas que estavam a fazer a transumância são bordaleiras, uma raça típica da Serra da Estrela.

A transumância era uma atividade regular nas serras da Estrela e de Montemuro. Pastores percorriam centenas de quilómetros para levar o gado para zonas mais altas e com melhores pastos no Verão. Do Alto Alentejo, com passagem pela Gardunha, era frequente encontrar muitos rebanhos até há alguma décadas atrás.
O registo da última grande transumância foi em 1999, na bonita Serra de Montemuro, próximo de Castro Daire.
Francisco Miguel regressa da Estrela com 850 ovelhas faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.

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