Toda a aldeia é um sítio histórico. Ruas, casas, igrejas, muralhas e ruínas…. tudo revela a história e o modo de vida de uma comunidade que teve o seu apogeu na época medieval e que se caracteriza pela ruralidade e proximidade com Espanha. A cor ocre das ruínas e das casas é outro traço distintivo.
A relação com o pais vizinho foi um elemento marcante. Castelo Rodrigo esteve sob soberania do Reino de Leão, outras vezes de Portugal e na sequência da crise de 1383/85, em que se posicionou ao lado de Castela, teve o castigo real de inverter as armas no brasão da vila.
No período filipino voltou a ter o mesmo problema. Cristóvão de Moura foi o enviado de Filipe de Espanha para angariar apoios para subir ao trono de Portugal e, como recompensa, por várias vezes foi vice-rei em representação da coroa espanhola e teve a retribuição de ser marquês de Castelo Rodrigo.
Construiu aqui um palácio que foi destruído após a Restauração: Diz-se que foi uma revolta popular. Nesta altura Cristóvão Moura já tinha falecido.
As ruínas mantêm-se até aos dias de hoje. Houve obras de solidificação da estrutura no final do século passado.
O palácio é amplo e está localizado no topo do monte, com uma vista magnífica para toda a região. Daqui vê-se bem Figueira de Castelo Rodrigo e, do lado oposto, o miradouro da Serra da Marofa.
Partes da muralha que circunda a povoação também estão em ruínas.
As muralhas tinham mais de uma dezena de torreões e os que se mantêm, com a sua forma arredondada, são perceptíveis quando se vê o casario a alguma distância.
As muralhas estão classificadas como Monumento Nacional.
A quase totalidade do casario está em bom estado e algumas das fachadas têm inscrições ou elementos decorativos como janelas manuelinas.
A presença de judeus está também referenciada com cruciformes e uma inscrição em hebraico. Admite-se a existência de uma sinagoga mas não há certeza sobre a sua localização.
A igreja matriz é do séc. XII, é um dos edifícios mais antigos e é dedicada a Nossa Senhora do Rocamador.
A igreja já sofreu várias alterações, nota-se, por exemplo, que o primeiro arco era românico mas os seguintes foram adaptados ao estilo gótico.
Tem ainda uma imagem em madeira de S. Sebastião datada do séc. XIV. A igreja é usada todas as semanas pela população da aldeia e foi construída para dar apoio aos peregrinos que seguiam para Santiago de Compostela.
Hoje mantém-se a rota dos peregrinos mas, em muitos dias, o maior número é de visitantes estrangeiros que fazem os cruzeiros no Douro e que se deslocam a Castelo Rodrigo a partir de Barca d’Alva e ficam fascinados com o património.
Na verdade, em Castelo Rodrigo vive-se a História. O património edificado, a preservação, o modo de vida dos habitantes… e a paisagem projectam a aldeia para um passado longínquo, e consegue manter a sua matriz genuína até aos dias de hoje.
Apesar de haver um número crescente de turistas, Castelo Rodrigo tem muito poucos lugares para descansar, comer ou beber. Um dos sítios onde vale a pena fazer uma paragem, e da esplanada ver a serra da Marofa, é o Cantinho Café.
Produzem uma cerveja artesanal que se chama Castelo Rodrigo mas a referência no rótulo são as coordenadas geográficas. Uma percentagem das vendas vai para o projecto Life Rupis que pretende salvar da extinção quatro espécies de aves na Península Ibérica.
Não muito longe de Castelo Rodrigo está outra relíquia do património beirão: o Convento de Santa Maria de Aguiar que é fascinante e merece uma visita mais detalhada.
Castelo Rodrigo dá beleza à História faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Castelo Rodrigo dá beleza à História, pode ouvir aqui.
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