A Estação do Rossio em Lisboa é uma das mais bonitas em todo o mundo. Não passa despercebida a muitas publicações internacionais que por várias vezes lhe atribuíram esse estatuto.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=O2qMaqGdGVo]
A Estação do Rossio não tem a dimensão de gares de Paris ou Nova Iorque mas, certamente com base subjectiva, supera-as com a beleza de um edifício em pedra lioz e com um estilo único.
A fachada é em estilo neomanuelino e o projecto é da autoria de José Luís Monteiro, arquitecto reputado e professor na Escola de Belas Artes de Lisboa, no final do século XIX.
Segundo Paula Azevedo, arquitecta da Unidade de Património Histórico e Cultural da IP Património, José Luis Monteiro ultrapassou muito bem os desafios e combinou o estilo neomanuelino com outros elementos da linguagem ferroviária. Por outro lado, a estação vence uma quota muito grande, cerca de 30 metros de altura entre o cais dos comboios, no segundo piso e a Praça dos Restauradores.
É um dos ícones de Lisboa e alvo de centenas de fotografias diariamente, à procura do detalhe da torre do relógio no centro do edifício, das janelas coroadas por esferas armilares, do espaço onde estava a estátua de D. Sebastião e que foi partida por causa de uma selfie. Um dos pormenores mais fotografo é a portada principal, um duplo arco em forma de ferradura, similar ao túnel que foi aberto até Campolide.
A abertura ao longo de uma das colinas de Lisboa tem 2.6 km de extensão, é o maior túnel ferroviário em Portugal “e foi aberto num ano à picareta dum lado e doutro”.
A Estação do Rossio começou por se chamar Estação Central porque era o objectivo era criar no centro de Lisboa uma plataforma ferroviária internacional. Por outro lado, vivia-se uma época de revivalismo. O que explica o desenvolvimento do projecto num estilo arquitectónico nacional (manuelino) e, por exemplo, a colocação da estátua de D. Sebastião.
O projecto integrava também o actual Hotel Avenida Palace. Os turistas tinham uma ligação directa do cais dos comboios para a requintada unidade hoteleira.
O rei D. Carlos também tinha os seus aposentos. A sala do rei situava-se no primeiro piso. Era a sala onde D. Carlos esperava o comboio ou descansava após uma viagem.
O conjunto integrava ainda o Largo Duque de Cadaval, a Rua Nova e as rampas para acesso ao piso da gare.
A Estação do Rossio foi na altura inovadora e ao longo do tempo foi sofrendo remodelações e até teve o primeiro centro comercial de Lisboa.
No cais de passageiros foram introduzidas outras peças de arte de estilos muito diferentes da fachada. São painéis em cerâmica que estão colocados nas paredes laterais e que passam despercebidos.
Num dos lados estão 14 painéis redondos da autoria de Lucien Donnat e ao estilo renascentista. Foram feitos para a Exposição do Mundo Português e fabricados na cerâmica Sant’Anna em Lisboa. O Fundo de Exportação ofereceu-os à Companhia dos Caminhos de Ferro em 1940 e representam produtos portugueses como cortiça, porcelanas, café, filigrana…
O outro grupo de azulejos são de Lima de Freitas e representam mitos e lendas de Lisboa (Jerónimos e a mão de Cristo; A visão cósmica de Camões, D. Sebastião e o encoberto, Almada neopitagórico, Pessoa e o caminho da serpente…). Há ainda outro painel que está ligação do Metro à Estação do Rossio. Chama-se Ulisses e representa a fundação de Lisboa. Estes são mais recentes. Foram colocados em 1995.
A Estação do Rossio está classificada como Imóvel de Interesse Público.
Estação do Rossio – uma das mais bonitas do Mundo faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio: