Deve ser uma sensação única em Portugal. Andar a apanhar azeitona e estar acompanhado de uma manada de cavalos selvagens a galopar pelo vale do rio Côa.
É na Reserva Faia Brava que foi a primeira Área Protegida Privada a ser classificada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.
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Foi em 2010 e é um projecto com uma história curiosa. Começou cerca de duas décadas antes com um grupo de biólogos a comprar um terreno de 30 hectares para tentar preservar um casal de águia Bonelli e britangos que residem nas escarpas do vale do Côa. São espécies em risco. Este é um dos poucos lugares em Portugal onde nidifica a águia de Bonelli.
Em 2003 um incêndio devastou toda a zona e a Associação Transumância e Natureza, criada em Figueira de Castelo Rodrigo e que gere a reserva alterou o paradigma.
Segundo Marco Ferraz, guia e colaborador da Reserva, rapidamente perceberam que que de pouco serve preservar um ninho se a área envolvente não for protegida.
Muitos dos terrenos estavam ao abandono com o êxodo da população que começou na década de 60 para França. Com apoios internacionais foram adquiridos mais propriedades que ultrapassam agora os mil hectares.
Do anterior cultivo dos terrenos restam agora poucos sinais. A fauna e a flora aproximam-se de um estado selvagem. A excepção é o olival que continua a ser aproveitado para a produção de azeite comercializado com a marca Faia Brava.
A preservação das espécies é o principal objectivo em particular de aves em risco mas procura-se também um ambiente sustentável.
Os grifos são aves necrófagas e ajudam a evitar a propagação de doenças e a manada de cavalos garranos limpa os pastos e diminui a carga de combustível em caso de incêndio.
Os cavalos selvagens silvo garranos são também uma atracão ao galoparem por um território tão vasto e ajudam a cumprir um outro objectivo da reserva que é a sensibilização ambiental e o envolvimento das comunidades locais. O espaço é visitável.
Há um trilho, chamado dos biólogos, que tem cerca de 2,5 km e permite ver várias espécies. Tem ainda um excelente miradouro para o vale do Côa. O acesso é livre.
Outra possibilidade é uma visita guiada organizada pela Reserva. De jipe, com caminhadas, com materiais para observação e com informação do guia.
Marco Ferraz diz que se trata de uma visita muito mais completa.
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A deslocação pode ser complementada com uma visita às gravuras rupestres e pela tem passagem obrigatória por Algodres, Vale de Afonsinho e Vilar de Amargo, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
Aqui pode ver dois núcleos museológicos.
O de Algodres dedicado à agricultura e o de Vilar de Amargo sobre etnografia.
Em Algodres pode ver ainda igreja que data do século XIV ou XV e subir ao alto, da Santa Bárbara que faz parte da história das sete irmãs que construíram sete capelas para se verem umas às outras.
De Santa Bárbara vemos mais duas.
Em Março é igualmente interessante a visita com os terrenos decorados com as flores das amendoeiras.
O santuário da Faia Brava faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, O santuário da Faia Brava, pode ouvir aqui.
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