Rio de Onor é uma das aldeias transmontanas que mais preserva a sua identidade.
Uma das festas tradicionais que preserva é a do São João, o orago da aldeia, que vai ser assinalada esta semana.
Muito mudou nas últimas décadas mas Rio de Onor continua com o espírito comunitário. A maioria das casas mantém a traça original, são de pedra e o telhado de lousa. Outra caraterística são as varandas de madeira com um alpendre.
O rio continua com as águas limpas e refrescar a aldeia e a dar vida a esta zona raiana. O rio desempenha um papel fundamental em Rio de Onor.
Atravessa aldeia e no verão cativa os veraneantes com uma praia fluvial.
Os romanos já o adivinharam e da ponte há uma vista interessante do rio e das casas de xisto que acompanham o percurso da água.
O xisto e a lousa nos telhados têm um tom escuro que se contrapõe ao reflexo do sol na água ou ao verde de algumas hortas no interior da povoação, mais junto à igreja matriz.
Percebe-se pelos materiais, pelo alinhamento das casas, as calçadas, o lavadouro público junto ao rio e pelo ambiente sereno que Rio de Onor preserva muito do seu património.
O que mudou e muito foi a demografia e a economia local que assentava na agricultura e na pastorícia, com rebanhos comunitários. Esta mudança não foi há muito tempo. António Preto regressou três décadas depois à sua terra natal e regista a mudança.
Antes havia muito mais actividade agrícola e na pastorícia. “Um rebanho de 400 cabeças, uma cabrada com 300 e tal e uma boiada com mais de cem vacas. A lavoura estava muito activa. Os cabeços eram todos lavrados com centeio e trigo”. A agricultura agora é apenas para consumo familiar.
O trabalho comunitário era maior no passado porque havia mais gente. Agora continuam a fazer algumas iniciativas em conjunto que por vezes termina com uma jantarada. É frequente tratarem das fontes, limparem as ruas e em Agosto limpar o caudal do rio.
Algumas destas actividades são organizadas pela Associação Desportiva e Cultural que também recolhe fundos para a organização das festas tradicionais.
O orago de Rio de Onor é São João Batista e a festa anual é a 24 de Junho.
Outra tradição nesta região é a festa dos rapazes, com máscaras, durante a época dos Reis. A Associação tem um café e em Rio de Onor há também um restaurante. O botelo e as casulas são os pratos típicos.
Em Rio de Onor há alojamento local e um parque de campismo. Podem-se percorrer vários roteiros a pé e num instante estamos em Espanha. Mesmo ao lado é a congénere espanhola: Rihonor de Castilla. A proximidade do “povo de acima” com o “povo de abaixo” deu origem a um dialecto local.
Rio de Onor está integrada no Parque Natural de Montesinho e a viagem de 26 km até Bragança já é motivo de interesse devido às paisagens e ao isolamento.
Rio de Onor foi eleita uma das 7 Aldeias Maravilha de Portugal.
São João em Rio de Onor faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, São João em Rio de Onor, pode ouvir aqui.
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