Nas imediações da antiga muda da Malaposta, as mesmas casas onde no século XVIII repousavam cavaleiros e montadas servem agora de restaurante. Nota-se a mudança para uma paisagem mais plana e amena. É o ponto exatcto da Bairrada em que o carácter de transição que a domina no seu conjunto se evidencia da maneira mais clara. A norte, começa a área estruturada pela bacia hidrográfica do Vouga, a leste elevam-se o Buçaco e o Caramulo, a ocidente espraia-se o litoral que vai de Ovar a Figueira.
Portugal, O sabor da Terra, José Mattoso, Suzanne Daveau, Duarte Belo
Há 220 anos foi criado o serviço da mala-posta em Portugal entre Lisboa e Coimbra mas não teve grande sucesso. A 28 de Maio de 1855 foi feita nova tentativa para relançar o serviço, teve algum sucesso mas por pouco tempo porque no ano seguinte foi inaugurada a primeira ligação de caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado.
O serviço de mala-posta entre Lisboa e o Porto tem lugar a partir de 1859.
A viagem demorava cerca de 34h e havia 23 estações onde se mudavam os quatro cavalos que puxavam a diligência de seis lugares. Em quatro estações havia paragens que também serviam refeições (ceia nas Caldas da Rainha, almoço em Leiria, jantar em Coimbra e ceia em Oliveira de Azeméis).
Muitas destas estações foram construídas de raiz e tinham uma arquitectura muito semelhante em forma de U.
O serviço terminou em 1871 e são poucas as mala-postas que chegaram até aos dias de hoje sem transformações profundas.
Uma das que está melhor preservada é na Malaposta da Anadia onde funciona o restaurante Pompeu dos Frangos. O edifício mantém a traça original, apenas o interior foi alterado.
Algumas paredes eram de tabique e foram reconstruídas ampliando as salas. A cantaria das janelas é a original como também as portas que são de riga.
Esta Malaposta terá cerca de 200 anos, nas contas de Carlos Aires, mais conhecido por Carlos do Pompeu, que garante ainda a existência de outras estruturas originais.
É o caso do pombal, a palmeira que está no meio de uma das salas do restaurante e também o mirante. Esta é uma pequena casa que está junto à estrada e onde estaria alguém próximo da hora de chegada da diligência para anunciar a sua passagem pela Ponte da Pedra.
Este era o nome original da estação de muda porque foi construída uma ponte de pedra para a passagem da diligência. Antes tinham de atravessar o rio e nem sempre era possível. Hoje caiu em desuso a designação de Ponte da Pedra.
Ficou o nome de Malaposta. Não é caso único. As casas das estações de muda tinham o nome de Malaposta e em alguns casos a designação foi associada ao nome da localidade.
A estação da Ponte da Pedra era a 16ª na ligação entre Lisboa e o Porto. A 15ª não fica longe.
É no Carqueijo, no concelho da Mealhada, e está classificada como Imóvel de Interesse Público. A gestão do edifício é da Administração Central e tem uma tabuleta numa parede a dizer Museu da Ciência e da Tecnologia. Só se for especializado em silvas que invadiram o terreno e a casa está ao abandono.
Também estão classificadas como Imóvel de Interesse Público as estações do Casal do Carreiros, no concelho das Caldas da Rainha, a do Curval, no concelho de Oliveira de Azeméis e a de Sanfins, no concelho de Santa Maria da Feira.
Na Malaposta da Ponte da Pedra Carlos Aires retrata um pouco a história da mala-posta através de azulejos que mandou produzir na Fábrica do Outeiro de Águeda. Fez um levantamento de várias gravuras da época sobre o serviço de mala-posta e mandou fazer em 1978 uma colecção que mostra vários aspectos do transporte de objectos e pessoas.
Os painéis de azulejos decoram várias salas do restaurante e remetem os visitantes para a origem do edifício.
Sobre o serviço de mala-posta pode obter aqui mais informação. A Fundação Portuguesa das Comunicações também tem alguma informação online. Nas instalações existem documentos, ilustrações e objectos sobre a mala-posta.
Lisboa-Porto em 34h faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Lisboa-Porto em 34h , pode ouvir aqui.
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