O carnaval da ilha Terceira, segundo um estudioso local, é o maior festival de teatro popular do mundo. Participam habitualmente mais de 600 pessoas.
Não é desfile, não é samba, não é máscaras. É dança, é coreografia, é teatro. Não há igual.
Grupos amadores criam um enredo. A maior parte são de comédia ou satíricos. Os trajes são sempre a condizer com o assunto. “São lindos” diz Filomena Menezes que vive na zona das Lajes e é uma apaixonada por uma das danças.
O enredo é desenvolvido num palco. Habitualmente um grupo actua com os dançarinos no meio do palco. Os tocadores de instrumentos de corda e sopro estão ao lado. Quando há representações entram os atores. Ao todo, um bailinho tem cerca de 35 elementos. Não há cenários, poucos adereços e as coreografias são comandadas pelo mestre, habitualmente com um apito. Pouco se improvisa, quase tudo foi ensaiado. A dança de espadas é mais complexa e envolve mais gente.
Em muitos lugares o carnaval começa a ser festejado desde sexta-feira e vai até de madrugada. Ao longo da ilha há várias sociedades, com uma sala e um palco e cada grupo dá a volta à ilha em actuações contínuas.
Como é grande o número de grupos, entre 30 a 40 no mínimo, o carnaval vai até à madrugada. Por exemplo, cada freguesia da zona do Ramo Grande há dois a três grupos. Dão a volta à ilha.
Cada actuação demora 40 a 435 minutos. Começa com uma moda de entrada onde o mestre faz a apresentação e saúda a assistência. São cantadas as cantigas de abertura. Na outra moda é apresentado o assunto. Mais cantigas, mais danças e actuações. Por fim a terceira parte é a despedida com a conclusão do tema.
O carnaval e as danças têm origem no universo rural mas foram conquistando os meios urbanos. Em alguns locais, como por exemplo em Angra do Heroísmo, há um espectáculo com entrada paga e lugar marcado. Quem quer assistir tem ainda as sociedades. É só entrar e descobrir um lugar.
Frequentemente cada grupo é acompanhado por familiares e amigos na deslocação entre sociedades. Há também muita gente a assistir ou a confraternizar. São quatro dias de movimento permanente num evento marcadamente popular.
Diz Filomena Menezes que é dos dias mais alegres na ilha Terceira. “É totalmente diferente dos desfiles e descobrem-se talentos que não se imaginavam que existisse.”
O carnaval na Terceira, devido à suas características únicas, já foi estudado por especialistas em vários saberes e a sua origem é difícil de determinar. Mais segura é a afirmação de várias influências. Desde o Oriente, com as naus das Índias onde se fazia teatro e que passavam pela Terceira, a África e Américas. Alem da passagem das caravelas há também influências de emigrantes açorianos, por exemplo, nos finais do século XIX quando muitos regressaram do Brasil.
Aqui pode consultar um estudo abrangente e muito interessante sobre o Carnaval na Ilha Terceira
Pode ainda ver o Museu do Carnaval na Vila das Lajes.
O maior festival de teatro popular do mundo é o carnaval da Terceira faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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