O aqueduto de Évora está quase a fazer 500 anos e ainda transporta água quase até à cidade. É uma das obras monumentais da cidade e foi apropriado pelo casario, essencialmente num dos lugares simbólicos: na rua do Cano.
O aqueduto da Água de Prata foi inaugurado em Março de 1537 e transportou água até à Praça do Geraldo ainda no século XX. Conforme refere o arquiteto Eduardo Miranda, dos serviços culturais da Câmara de Évora, no início o aqueduto tinha 18 km de extensão mas foi, entretanto, reduzido o percurso. “No século XIX com obras de alteração, foi encurtado o percurso e hoje são cerca de 12km.”
As nascentes são junto da Graça do Divor, uma freguesia limite do concelho, próximo de Arraiolos. “Essas nascentes já teriam sido aproveitadas na época romana num aqueduto que terá existido. É uma área com muita água. Ainda existe um aquífero que envolve a cidade na zona norte da cidade.”
O aqueduto romano passaria na rua do Cano cuja designação “é anterior ao aqueduto quinhentista. Já existia na Idade Média, julgo que no final do século XIII, o que indicia que existiria um cano antes deste. Uma estrutura hidráulica, provavelmente do período romano e que tinha esse traçado. A rua é relativamente regular e no século XVI ela acolhe novamente o aqueduto que utiliza em parte o traçado da estrutura anterior.”
Seguimos as palavras de Eduardo Miranda pela rua do Cano e é interessante ver a forma como o aqueduto passa entre o casario e também como as casas se adaptaram aos arcos, aproveitando a estrutura, por exemplo, para fazer de fachada do edifício. “É uma apropriação feita ao longo do tempo. Os arcos do aqueduto funcionam como elementos estruturais em relação aos quais as casas se “encostaram”. Isso permite uma leitura de escala”.
Um outro exemplo de adaptação do aqueduto na área urbana é na travessa do Sertório “onde funciona como passadiço de acesso às casas. Há de facto essa apropriação e que resulta em imagens e em conjuntos urbanos muito interessantes do ponto de vista da variedade formal e do pitoresco em algumas ruas.”
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O aqueduto está na lista do World Monuments Fund dos 50 monumentos de interesse mundial e uma das partes mais interessantes é quando se aproxima de Évora onde atinge uma altura superior a uma dezena de metros. Eduardo Miranda sublinha que “o mais notável e interessante, do ponto de vista decorativo, é o troço que atravessa a estrada de Arraiolos. Funciona quase como que “entrada triunfal na cidade” e está decorado com um conjunto de torres, torrinhas e pináculos. Tem uma linguagem arquitetónica desse período, entre o Manuelino e o Renascimento.”
A par do aqueduto e das alterações efetuadas ao longo do tempo, foram também construídas vária fontes de água, “nomeadamente as fontes monumentais da Praça do Geraldo e das Portas de Moura, em mármore. Foram promovidas pelo então arcebispo de Évora, futuro cardeal-rei D. Henrique, e que são importantes do ponto de vista patrimonial”. O património hidráulico foi acrescentado ao longo de séculos. “É uma obra que teve várias fases e vicissitudes porque houve sempre a necessidade de melhoramentos, como por exemplo, cobrir o canal do aqueduto que inicialmente era descoberto”.
Os 18km do aqueduto foram construídos em seis anos. A obra é da iniciativa de D. João III. Avista-se de vários pontos de Évora e é um dos ícones da cidade. O Aqueduto da Água da Prata faz parte do conjunto classificado pela UNESCO como Património da Humanidade e está também classificado como Monumento nacional.
A porta da casa é no Aqueduto de Évora faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Roteiro pelo concelho de Évora
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