A região de Carenque, próximo de Lisboa, é um livro de História. Um dos registos mais antigos é o das pegadas dos dinossauros de há 90 milhões de anos. Mais próximo de nós, mesmo assim, há cerca de seis mil anos, temos a Necrópole de Carenque ou do Tojal de Vila Chã.
São três grutas escavadas pelo homem numa zona de calcário no alto de um monte. São sepulcros coletivos, estão relativamente próximos um dos outros e têm uma fisionomia semelhante. Na descrição feita por António Moreira, historiador e antigo vereador de Cultura na Câmara da Amadora, “todos os sepulcros têm um corredor de acesso exterior, uma pequena entrada e sobre a gruta há uma abertura “circular”. Esta cobertura era tapada e o corredor da entrada provavelmente também seria tapado com pedras.”
Através da abertura na zona circular da camara funerária conseguimos espreitar e ver a área da concavidade e a altura que deve andar entre metro e meio e dois metros.
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Foi no interior destes espaços que o arqueólogo Manuel Heleno, quando da descoberta e posterior escavação arqueológica em 1932, encontrou objetos de cerâmica, cobre ou instrumentos como pontas de seta, laminas e punhais. “Os objetos encontravam-se junto dos corpos que estariam sepultados em posição fetal, sentados e encostados no círculo interior.”
Os objetos encontrados estão no Museu Nacional de Arqueologia de que Manuel Heleno era dirigente. A descoberta ajudou a esclarecer algumas dúvidas, mas não todas. “O que não sabemos: a dimensão das comunidades e quantas pessoas foram enterradas. Sabemos que teve uso durante muito tempo. Estamos a falar do final da idade da pedra até ao Calcolítico, à idade do cobre. Estas grutas começaram a ser utilizadas no 4º milénio antes de Cristo. Estamos a falar de 6 mil anos.”
Uma outra dúvida tem a ver com o número de grutas. “Manuel Heleno falava na existência de quatro grutas e hoje só se encontram três sepulcros coletivos. O Manuel Heleno não se teria enganado na contagem. Desde a escavação de 1932, perdeu-se a localização e ainda existe, ou terá sido destruída.”
Este tipo de monumento megalítico é relativamente comum na região do Mediterrâneo e encontramos vários exemplares em Palmela, na Quinta do Anjo e da Alapraia, em São Pedro do Estoril. Em Carenque tem uma particularidade: a enorme vista a partir do alto do monte. “O que se consegue ver dali terá alguma importância simbólica para a localização da necrópole porque fica virada para o Monte da Lua, na Serra de Sintra. Essa visibilidade da serra de Sintra pode ter a ver com alguma dimensão mítica ou religiosa.
A visita é gratuita. As instalações reabriram em final de Maio. Na Arqa Arqueologia E Património pode encontrar mais informação sobre este sitio arqueológico e outros lugares relevantes em termos de património na região.
Na Necrópole de Carenque tem ainda ma receção onde pode obter informação mais detalhada e ver imagens da escavação do sitio arqueológico. A Necrópole de Carenque está classificada como Monumento Nacional.
A misteriosa Necrópole de Carenque faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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