Ponto prévio: é preciso esquecer mapas, gps… e confiar na estrada, que nos vai levar a algum lado. Estamos nos confins de serras e lugares sem gente e o importante é desfrutar do devir, da paisagem selvagem.
siteG_meitriz_6238Percorrem-se quilómetros sem se ver gente, sem carros, a vista está despoluída. Somos esmagados pela Natureza.
Andamos entre a serra de Montemuro e da serra da Arada, pelo territóio do Arouca Geopark, a caminho de Meitriz.
site_barco_6204Mas, primeiro, passamos por Barco, ou Além Barco, junto ao rio Paiva. Uma descida íngreme e curvas apertadas. A estrada, que já é estreita, é obrigada a emagrecer para passar entre muros de xisto.
site_barco_6198O lugar tem meia dúzia de casas. Muitas foram renovadas ou construídas de novo e com aprumo. As paredes são de xisto e o telhado de lousa.

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Algumas das habitações estão rodeadas de oliveiras e árvores de fruto. Foi aqui que encontrei Rui Brandão. “Só há quatro moradores permanentes. Em alguns fins de semana junta-se mais pessoal. O local é muito bonito. Não tem nada a ver com a cidade.

Rui Simão
Rui Simão

Por causa disso é que nós, eu e o meu pai, viemos da cidade para aqui. Temos outra perspetiva da vida.”
Uns metros depois descobrimentos o segredo de Barco e a origem do nome.
site_cabecalho_barco_6200O rio Paiva passa junto das casas e antes de uma ponte, construída em 2001, temos de parar para refrescar em água límpida. Algumas pedras e pequenos declives dão voz à água que ecoa pelo vale. Só no Verão é que surgem outros sons. Nas outras estações “é um sossego. Só é mais agitado no Verão. Mas, também é bonito ver as pessoas aí a passar.
site_barco_paiva_6197A praia fluvial costuma ter muita gente. Estacionam dezenas de carros até à curva no topo da encosta.” Rui Brandão refere ainda que a praia fluvial já tem alguns anos, “parece uma praia natural. É uma coisa que fizeram em condições.”
site_barco_6214Toda a área é arborizada e tem uma zona de descanso com mesas e um bar.
Carlos Pereira desde miúdo que conhece o rio. Para apanhar o barco e atravessar o Paiva, antes da construção da ponte, ou para uma “banhaça” e diz que não há igual nesta região. “A melhor zona para as praias do rio Paiva é o lugar de Meitriz. As aldeias de Meitriz. São poços que não têm fragas, não é perigoso. Ali é tudo areia original, cascalho… Ao olharmos à banhaça, na aldeia tomar banho é a banhaça da água, temos quatro poços espetaculares. Não é perigoso, podemos andar debaixo da água, ir ao fundo, não é nada perigoso.”

Carlos Pereira
Carlos Pereira

Esta é a terra natal de Carlos Pereira mas teve de emigrar.
site_meitriz_DSCF2737“Vivi em Meitriz até aos 15 anos. Depois saí. Andei descalço quase até essa idade. Eu dizia para mim, “não, eu vejo outros com sapatos” e decidi também sair de casa e fui servir. Fui para Santa Maria da Feira, andei ali alguns anos. Depois, casei e embarquei para Zurique, em 1974. Foi também uma vida difícil, mas tivemos de fugir daqui. Os nossos pais não nos deixaram morrer à fome, mas passámos fome. Passámos fome nestas aldeias”
site_barco_6207A agricultura e a pecuária são também as fontes de subsistência de Rui Brandão. “algumas das árvores eram de avós de pessoas que viviam cá. Outros, como por exemplo o meu pai, apostámos numa plantação de mirtilos. Temos ainda umas oliveiras para dar o azeite para o ano.”
site_meitriz_DSCF2733Para chegarmos a Meitriz temos de subir a outra encosta, após travessia da ponte do rio Paiva.
A aldeia fica num desvio da estrada. Passámos a meio da tarde e não vimos uma única pessoa.
site_meitriz_DSCF2742Tal como em Barco todas as construções são de xisto e destaca-se um canastro que está apoiado em muros e casas e por baixo passa a rua da Azenha.
site_meitriz_6237Nesta parte da aldeia há ainda pequenas construções abandonadas, mas, um pouco mais acima há algumas que estão a ser recuperadas pelo que se percebe dos materiais dispostos no quintal.
site_meitriz_6219Ao todo devem ser uma dezena de casas e estão alinhadas no alto da encosta, com uma vista ampla.
site_meitriz_DSCF2731Passam por aqui alguns percursos pedestres, como por exemplo o das Tormentas e uma das aldeias que fica próximo é Regoufe, conhecida pelas minas de volfrâmio na II Guerra Mundial que chegaram a ter quase mil mineiros.
A outra aldeia próxima é Janarde que durante muito tempo foi a sede de Junta de Freguesia e onde voltamos a encontrar o rio Paiva.

site_barco_6218Meitriz e a praia fluvial de Além Barco nas terras de ninguém de Arouca faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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