Brejo fica no meio da serra da Bando dos Santos. O povoado disperso tem mais de uma dezena de casas quase todas em ruínas. Eram ocupadas sazonalmente por gente de aldeias vizinhas, como por exemplo, do Castelo, no concelho de Mação.
O Brejo ainda preserva uma das suas riquezas, a água. “É uma fonte natural de água. Aproveitaram parte para abastecer Mação e alguma aldeias muito próximas”, mas ficaram ainda muitos dos recursos naturais.
“Não é a mesma beleza, mas, entretanto, o Brejo tem vindo a ser melhorado. Tem-se tentado tornar os espaços agradáveis através do esforço das pessoas e essencialmente da Junta de Freguesia.”
O testemunho é de uma antiga enfermeira que viveu muitos anos em Lisboa. Revela como mantém uma forte ligação afetiva ao Brejo, apesar do abandono e das casas em ruína. “O Brejo é um sitio mítico. As pessoas vão lá e gera um sentimento de …, agora, talvez, de nostalgia e perda. Mas estou muito contente porque estão a tentar reabilitar. “
As casas de pedra são paredes desmoronadas, vivências agora partilhadas com as estrelas, as aves e o mato que circunda as antigas habitações sazonais. Estão dispersas e, pela delimitação dos terrenos ainda se percebe a sua anterior utilização agrícola.
Uma parte do lugar já foi recuperado. É um parque de merendas, uma zona de lazer e um oásis na serra, junto à antiga mina do Ti Guilherme onde hoje ainda vão buscar água. “É um espaço de lazer muito interessante com mesas onde se podem fazer piqueniques e pequenos eventos. Temos jardins, coberturas e vê-se água a sair permanentemente de uma parede de pedra. Depois há a história que envolve toda aquela zona de Brejo. Era uma terra de transumância. Da família do meu marido moravam aqui na aldeia e tinham lá as terras onde plantavam milho, centeio, melancias… toda essa parte de agricultura. Iam para lá no verão e levavam os animais. Passavam lá o verão.”
Alguns visitantes fazem uma breve paragem. Contemplam a serra, refrescam-se na sombra ou em pequenos espelhos de água a correr. Um pouco mais abaixo é o Chão do Brejo, onde havia mais casas. “Nada é habitado. Nada existe. Do que lhe estou a falar prense-se ao passado, apenas existe registo de memorias.
Uma dessas memorias foi-lhe contada pelo marido, quando criança, “ia com o avô e chegava a passar lá a noite. Haviacobras que faziam barulho. O meu marido, na altura um miúdo com 5 ou 6 anos, perguntava: Avô, o que se ouve? E tinha a resposta: São cobras, não faz mal. Dorme.”
O que o Homem construiu com uma mão está ao longo do tempo a delapidar com a outra mão. “Os incêndios tem sido a grande devastação da nossa zona. Aquilo ainda estava razoável, mas com os incêndios sucessivos, em 1992, 2003 e agora em 2017. Neste último incêndio não ardeu o Brejo mas ardeu muita área circundante. Os incêndios aceleraram a destruição dos palheiros que davam apoio ao parque agrícola. Agora a Junta anda a reconstruir e a recuperar alguma parte. Eu também estou a ponderar. Tenho lá um palheiro e estou a ponderar.”
Uma passagem pelo Brejo pode ser complementada com uma visita ao Miradouro do Bando dos Santos.
A estrada até ao Parque das merendas está alcatroada e o acesso é fácil. Há também vários percursos pedestres.
“O Brejo é um sítio mítico” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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