Póvoa Dão é uma pérola que se esconde no meio do arvoredo numa encosta íngreme que vai beijar o Rio Dão.
Tudo está adormecido e em silêncio. O rio que corre muito calmo debaixo da ponte onde os poucos carros que a atravessam também seguem lentamente.
O curso de água já leva histórias registadas em documentos oficiais com mais de nove séculos e que atestam a existência do aglomerado populacional.
Os romanos também passaram por aqui e deixaram vestígios da estrada que fazia a ligação entre Viseu e Tábua. O caminho está rodeado de densa vegetação e acolhe os passos do silêncio.
O vazio, a ausência de pessoas sente-se mais nas ruelas estreitas que dão corpo a Póvoa Dão e que estão rodeadas por cerca de três dezenas de casas. As habitações foram quase todas restauradas, na primeira ressurreição da aldeia.
“A aldeias era de vários proprietários. Era uma aldeia semelhante a muitas outras. Depois, uma empresa comprou as casas porque isto estava tudo abandonado. A empresa recuperou e restaurou a aldeia, fez este trabalho que estava bonito e agora está degradado, o que é pena. A opinião é de Ainda Figueiredo que trabalha no concelho de Viseu e que conhece há muito tempo a aldeia.
Uma ou outra casa está a uso, de forma irregular. Outras estão a ser invadidas por silvas e o pequeno quintal de algumas tornou-se terreno selvagem.
No entanto, permanece a beleza do enquadramento natural e a traça das casas de granito continua a encantar Aida Figueiredo que visitou Póvoa Dão após a renovação do que catalogaram Aldeia Medieval. “Estava muito bonito, com as casas de bonecas tipo “Portugal dos Pequenitos”. As divisões são muito pequenas, um t1 ou t2.
No início também havia um restaurante na parte de cima que era muito bom. Havia igualmente uma sala de convívio onde se podia juntar quem comprasse as casas.”
Alguns destes equipamentos deixaram de estar a uso. Até a capela, que sobressai por estar caiada de branco, dá sinais de falta de fiéis.
O sonho do paraíso ficou também adormecido nos caminhos pedestres ou no troço da estrada romana.
É um vale de silêncio, rude como as rochas de granito que decoram a outra encosta do vale. Aqui o silêncio é total. “Completamente. Aqui ouvem-se os cucos, os pássaros. É uma vida saudável.”
Também se ouvia o ligeiro correr de água numa mina.
Uma gruta comprida que estava debaixo do anexo de duas casas, “provavelmente para abastecimento da aldeia, em tempos idos. É pratica normal nesta zona, e no resto do país, de abastecer as aldeias.”
Póvoa Dão pertence à freguesia de Silgueiros, o berço do vinho do Dão e está a pouco mais de uma dezena de quilómetros de Viseu. Há acesso rodoviário.
Povoa Dão e do paraíso adormecido faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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