A Amêndoa Coberta de Moncorvo foi eleita uma das Sete Maravilhas Doces de Portugal e é uma das marcas de Torre de Moncorvo. Exige boa matéria prima e o saber das “cobrideiras”.
As amendoeiras decoram as encostas em toda a região e na Primavera, quando estão em flor, fazem competição com a monumental igreja de Torre de Moncorvo para cativar a atenção dos visitantes.
É um doce relativamente simples. A amêndoa é coberta com açúcar, num processo lento. É confeccionada numa enorme bacia de cobre polida e na base tem uma fonte de calor.
Habitualmente é uma mulher que faz a produção, chamada cobrideira de amêndoa, e em todos os dedos, menos nos polegares, tem um dedal metálico.
Diz Dina Morais, que confecciona vários doces tradicionais, que compram a amêndoa ao agricultor. “Esfolamos, torramos e transformamos na caldeira de cobre com uma calda de açúcar e com o trabalho manual de uma mulher. É um produto artesanal. A mulher está em frente da bacia, por baixo tem uma fonte de calor. Vamos regando a amêndoa de dez em dez minutos ou um quarto de hora.”
Dina Morais tem no interior da loja de produtos regionais, Arte Sabor e Douro no centro de Torre de Moncorvo, duas bacias de cobre onde as cobrideiras costumam produzir a amêndoa coberta. “A mesma amêndoa anda nas bacias de cobre oito horas por dia durante oito dias.
Para ficar com aqueles bicos que correspondem à amêndoa coberta de Moncorvo. O sabor é uma delícia. A amêndoa vai apanhando aqueles bocados de açúcar. Eu costumo chamar os Diamantes de Moncorvo.”
O sabor é doce, mas é preciso dentes para as comer, e usando uma expressão de Dina Morais, também é preciso mãos para as fazer. “Para as fazer bem, é preciso ter unhas, ter mãos para as fazer.
A mulher que está sentada à frente da bacia, a chamada cobrideira da amêndoa, tem de saber quando a amêndoa precisa de ser regada com a calda de açúcar, tem de saber quando a amêndoa precisa de mais calor. Por isso, o trabalho é feito artesanalmente com os olhos na bacia.
Uma bacia de amêndoas demora oito dias a fazer e rende entre 500 a 600 euros. Mas, em 10 minutos a cobrideira pode estragar todo o produto, já quase no fim. Basta regá-la e distrair-se. O lume tanto faz como desfaz a amêndoa.”
Uma doce tradição
A amêndoa coberta tem mais de um século de tradição. Há registo de ter estado em 1886 na Exposição Universal de Paris e atualmente é um produtos com Indicação Geográfica Protegida pela Comissão Europeia.
O saber foi transmitido de geração em geração. “Esta amêndoa já se faz há mais de 100 anos em Moncorvo. A receita é sempre a mesma: açúcar em ponto pérola, bem fervido, e depois as mãos e o saber da mulher.”
Em Torre de Moncorvo é frequente encontrar algumas casas de comércio que vendem amêndoa coberta, mas já foi maior a produção no passado. A predominância das amendoeiras na região permite uma maior variedade na doçaria tradicional.
Por exemplo, Dina Morais produz “amêndoa torrada com e sem sal e a amêndoa de canela. O processo é muito diferente. A amêndoa coberta é em bacias de cobre, a amêndoa de canela é no fogão, num tacho. O sabor é muito diferente. A amêndoa de canela é feita com água e canela. A coberta é feita em bacias de cobre, depois de esfolada e torrada, só com uma calda de açúcar em ponto pérola.”
Torre de Moncorvo é um dos maiores produtores de amêndoa em Portugal e na região existe a Confraria da Amêndoa do Douro Superior
Adoçar a boca e a gula com a Amêndoa Coberta de Moncorvos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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