A Mata Nacional do Bussaco é deslumbrante e tem um património histórico e natural único.
Do ponto de vista botânico oferece uma riqueza e diversidade ímpar. Em Portugal estão classificadas cerca de 470 árvores das quais, 29 estão no Luso e Buçaco.
Há vários motivos que explicam o tesouro da Mata do Bussaco. Não foi apenas o microclima. Um dos motivos é a chegada ao Bussaco, em 1628, dos monges carmelitas descalços. Criaram aqui um reduto protegido do exterior durante dois séculos e reflorestaram parte da serra com espécies autóctones e exóticas.
No legado que deixaram um dos lugares mais fascinantes é o Adernal.
Um bosque com cerca de 15 hectares, próximo da Cruz Alta. Tem um elevado valor cientifico porque alguns exemplares remetem para a nossa floresta primitiva e, por outro lado, é de uma beleza surpreendente.
Elodie Madeira, guia na Mata do Bussaco, salienta que “é o maior conjunto de adernos do mundo. Normalmente tem porte arbustivo. É um arbusto e existe na mata antes da ocupação carmelita. É uma arvore muito interessante. Para formar o tronco principal os ramos do arbusto fizeram o sistema de corda. Entrelaçaram-se para fazer o tronco.”
Os ramos dos adernos adquirem as mais diversas formas. Alongam-se no meio de um cenário em vários tons de verde e nota-se facilmente como se entrelaçaram, vão formando muitas concavidades, o que é característico deste arvore.”
Facilmente se descobre no adernal algumas árvores muito antigas, talvez com quatro a cinco séculos, anteriores à chagada dos monges. Eles fizeram uma grande reflorestação na mata mas deixaram estas porque “era o Monte das Oliveiras deles. Como tinham uma Via Sacra de Jerusalém, como queriam ter muitas coisas que se assemelham a Jerusalém, este é o Monte das Oliveiras deles. São oleáceas, da família das oliveiras. A folha é parecida, mas o tronco difere bastante.”
Uma das formas de descobrir este tesouro botânico é através do Trilho do Adernal. Está sinalizado ao longo de 2km permite-nos descobrir uma grande variedade de adernos. O Adernal está classificado como conjunto arbóreo de Interesse Público.
Na Mata podemos também ver outras árvores classificadas algumas delas pertencentes a espécies introduzidas pelos monges. “Eles introduziram aqui, por exemplo, o Cedro do Bussaco, que não é cedro nem do Bussaco. É um cipreste oriundo do México.”
Esta é uma das várias espécies exóticas e um dos motivos pela opção de árvores muito altas é que “eles acreditavam que quanto mais espécies crescessem em altura, ficassem muito altas, mais perto de Deus ficariam.”
A dedicação à salvaguarda das árvores por parte dos monges carmelitas tem ainda uma expressão singular que esteve na origem da Bula Papal Urbano VIII, de 1643, que excomungava quem cortasse árvores ou cometesse outro tipo de danos à Mata.
Esta bula está replicada nas Portas de Coimbra, um dos acessos à mata.
O adernal do Bussaco – um tesouro botânico faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.