Um passeio de barco no Tejo ao longo dos terrenos abertos da Lezíria ribatejana, abre-nos novas perspetivas do rio. Da sua dimensão, vestígios do passado e, em particular, a sua beleza natural.
São muito poucos os núcleos urbanos, alguns espelham a cultura avieira com o cais palafítico e as casas típicas de madeira.
A paisagem é dominada pelo rio, pequenas ilhas e as margens alinhadas por salgueiros.
Numa dessas margens destacam-se linhas horizontais de ninhos escavados pela andorinha-das-barreiras.
Há várias opções para o passeio de barco.
Escolhemos o de uma hora (da Promartur), com Diogo Santos ao leme de uma embarcação onde podemos circular e estamos abrigados do sol.
É ele que traça o rumo e nos cria a expetativa da descoberta: “saímos de Escaroupim ou da Valada do Ribatejo, vamos em direção à aldeia de Palhota, passamos por 4 mouchões, que são as ilhas no meio do rio. Num deles conseguimos ver cavalos em liberdade, temos outra ilha que é a ilha dos amores e por fim, a ilha das Garças que é onde as aves nidificam e tem um grande foco de diversos tipos de aves que aqui habitam.”
O passeio é num rio tranquilo, “domado” pelas barragens, são raras as construções urbanas em redor do rio. As que sobressaem são as de origem avieira, Escaroupim e Palhota, e durante a viagem Diogo aborda “a cultura deles, os seus modos de vida.
Depois temos esta parte que é muito natural, dos cavalos e das aves. É muito interessante. Em particular ao final do dia as pessoas observam o real impacto, que é uma coisa brutal. São bandos enormes a chegar à ilha. Quem está em terra não tem a perceção de aves que ali habitam e os diferentes tipos: a garça real, noturna, branca pequena….”
Quem aposta em ver o regresso das aves à ilha das Garças, Diogo Santos recomenda o passeio ao final da tarde. “Durante o dia dá para ver algumas, mas ao pôr do sol, é que temos o real impacto da chegada das aves. São milhares que habitam na ilha. Durante o dia estão fora para se alimentarem e só ao final do dia é que regressam.”
O barco passa à beira da ilha que fica mesmo em frente de Escaroupim.
É pequena, está repleta de árvores e os ramos estão decorados com os vários tons da penugem das aves.
O som é estridente, bem diferente do silêncio por onde passeiam livremente os cavalos lusitanos. “Na verdade é uma eguada. Ficam nas ilhas durante cerca de 3 a 4 anos para desenvolverem caraterísticas naturais. A maior parte são para competição de saltos e obstáculos.”
As éguas manifestaram indiferença à nossa aproximação. Andavam na altura à beira rio e o Diogo já as viu nadar para outra ilha.
A Palhota e Escaroupim são exemplos vivos da cultura avieira que observamos do rio ou podemos presenciar no interior das aldeias.
Além do cais palafítico da Palhota uma das imagens que nos ficou na memória foi o regresso a Escaroupim, por um braço de rio, entre salgueiros e estacas de madeira que dão acesso aos barcos. Alguns ainda com os tradicionais instrumentos de pesca.
A descoberta do Tejo da lezíria ribatejana e da cultura avieira num passeio de barco faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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