É crescente o número de pessoas a fazer escalada. Em espaços fechados ou no exterior. Por exemplo nas fabulosas escarpas de Penha Garcia onde assisti a uma aula prática dada pela Safe, Associação para a Dinamização e Formação em Escalada.

Os dedos agarram-se às paredes, os pés apoiam-se em pequenas fissuras e todo o corpo parece colado na superfície vertical do penhasco de granito com vários metros de altura.

Algumas pessoas que passeavam ao lado paravam algum tempo para observarem, com admiração, a forma rápida como escalavam a rocha.
E nem sequer adivinhavam de que se tratava de formandos, apenas na segunda sessão de formação, do curso de nível 1.

A iniciação à escalada desportiva estava a decorrer em Penha Garcia e o coordenador da formação era Ricardo Almeida, da Safe, Associação para a Dinamização e Formação em Escalada que tem três níveis de formação.

Ricardo Almeida

“O nível 1 é iniciação, nível 2 é progressão na parede, multilargos, para se poder escalar muitos metros na parede. Temos ainda a clássica, sem nada na parede. Temos de escalar apenas com o material que levamos connosco.”

A sessão a que assisti era a segunda do curso de nivel1.
O grupo estava dividido por várias guias e todos equipados com uma grande diversidade de instrumentos presos à cintura. “No nível 1, à excepção dos pés de gato (calçado especifico para escalada) todo o material é emprestado pela Safe.

Todos os nossos alunos têm um kit . No nível 2, quem o faz deve ter continuado a fazer escalada e alguma experiência. Só aceitamos pessoas com alguma experiência. Fazemos testes para avaliar. Neste caso o material é todo do aluno. No nível 3 temos apenas alguns kits para emprestar.”

Há 4 anos que Ricardo Almeida dá formação no nível 1 e tem encontrado pessoas com grande diversidade motivacional.
Há quem venha pelo gosto da adrenalina, quer sentir o risco. Há os curiosos que fizeram canyon na semana passada e vão saltar de avião na semana seguinte e experimentam a escalada. Há também os que chegam sem qualquer expetativa e depois ficam viciados e a vida transforma-se”.

Para a iniciação não se exigem atributos específicos. O relevante é a motivação e a descoberta. No testemunho de Ricardo Almeida “a escalada, por si só, é muito pessoal. Obviamente tem uma componente física e mental.  As rotinas dependem muito da forma como a pessoa encara a escalada. A escalada tem vários graus e várias formas de ser vivida.  Uns ao fim de semana com a família. Outros que querem fazer coisas cada vez mais difíceis. Neste caso já podem ter alguma rotina e treino em indoors, rocódromos. Há ginásios com escalada que abriram por todo o país.”

Em todos os casos há um requisito comum e imperativo: a segurança. Este curso visa dar as competências necessárias para que, depois, cada pessoa saiba aplicar os procedimentos de segurança.

“A escalada tem uma componente de risco. É preciso saber fazer bem. Os cursos que estamos aqui a dar é para isso. Para as pessoas estarem autónomas e saberem o que têm de fazer para diminuir os riscos, para se protegerem, andar em segurança.”

Nesta fase de iniciação são também exigidos três fins de semana para aprenderem no exterior. O curso é de 52 horas e as sessões práticas são no Cercal, Vila Nova de Poiares e Penha Garcia.

O contacto com a natureza é uma das vertentes que fica na memoria de cada um.
Esse é um dos factores importantes para as pessoas tirarem estes cursos. Na Safe fazemos imensas saídas. Penha Garcia, Santa Luzia, Cercal… estamos em completa natureza como aqui em Penha Garcia que é muito lindo e isto transforma. Se não houvesse esta envolvência ia ser banal, mais um curso de escalada, não iria ter tanto encanto.”

A diversidade de motivações, a superação de desafios cada vez mais exigentes, o passa a palavra… tudo isto tem contribuído para o aumento do número de praticantes e de iniciantes.
“Há muita gente a aparecer. Há cada vez mais gente nos rocódromos, nos ginásios de escalada e nos vários sectores. Isso origina também maior numero de curiosos e de amigos que vêm tirar um curso. Este ano enchemos outra vez o curso.

O limite era de 10 pessoas e tivemos de acrescentar mais duas pessoas porque havia uma grande procura. Obviamente que, depois, ficam 60 a 70% a escalar. Depende do próprio grupo.”
A maioria eram jovens, mas encontram-se pessoas de várias idades e muito equilibrado entre homens e mulheres.

Aprender a escalar paredes, rochas e os nossos desafios faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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