Almaceda é o nome da ribeira e da aldeia que dá vida e resiste à desertificação de uma freguesia do concelho de Castelo Branco situada numa zona de montanha, entre a Gardunha e o Muradal, no concelho de Oleiros.
Almaceda alonga-se pelas encostas da serra. Logo à entrada tem uma igreja com um campanário muito alto e ao lado um viaduto.
As casas são marcadas pelo xisto e barro. Há muitas caiadas de branco e outras, de maiores dimensões, revelam que são construções recentes. Aparentemente enganam quem chega pela primeira vez.
“A maior parte das casas não estão habitadas. É uma das aldeias com menos gente. Por exemplo, na rua que vai para a escola moram lá apenas duas pessoas. A população vai embora para Lisboa ou para o estrangeiro. Deixam de cá vir e as casas ficam abandonadas.”
Falei com Joaquim Roque num café vizinho da ribeira e da praia fluvial que no Verão, durante o dia, anula a desertificação da aldeia. Junta muita gente. “Vem gente de todo o lado. Nem se rompe por aí com tanto pessoal! Até de Castelo Branco. Muitas famílias e trazem o comer.”
O relvado ao lado da praia tem algumas árvores e próximo estão várias estruturas de apoio.
A praia fluvial tira proveito de um açude e concentra a água da ribeira num tanque de grandes dimensões. “Não é nova, já tem alguns anos. Eu ajudei a fazê-la quando do início da construção da piscina. Antes havia um poço e já vinha gente de fora tomar banho.
Fiquei com a ideia que, apesar de ter ajudado na construção da praia fluvial, Joaquim Roque nunca tomou banho aqui. “Eu não, já estou velho. Para tomar banho é em casa. Quando era novo havia o poço, mas também havia charcas ao longo da ribeira. Eu era do Violeiro e não vinha para aqui. Só vinha namorar as cachopas.”
A praia fluvial está entre duas pontes. Uma rodoviária, outra pedonal. É debaixo desta que surge a ribeira. Tem uma pequena queda de água e deixa para trás um leito com muita sombra devido à grande quantidade de plantas.
A ribeira ajudou a desenvolver a moagem. Joaquim Roque ainda se lembra de quatro moleiros. Agora muitas pessoas trabalham em Castelo Branco e a agricultura e pastorícia faz parte do passado.
“A agricultura agora não presta para nada. A gente já não pode cultivar junto às barrocas porque os javalis dão cabo de tudo. Tínhamos hortas próximo das barrocas, onde havia água, mas eles dão cabo de tudo.”
A acompanhar a ribeira há um caminho pedestre até Martim Branco, uma das aldeias que faz parte da rede das Aldeias do Xisto.
Almaceda para a praia fluvial e “namorar as cachopas” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.