Alfredo Cunha é um dos mais reputados fotógrafos portugueses.
O seu olhar captou muitos momentos que fazem parte da nossa memoria colectiva. São exemplo algumas fotografias da revolução do 25 de Abril.
Os 50 anos de carreira de Alfredo Cunha como fotógrafo estão na origem de uma exposição que pode ser vista na Casa da Imprensa em Lisboa.

Estão em exposição 52 imagens seleccionadas por Alfredo Cunha.
Constituem uma visão universal do mundo contemporâneo através do olhar humanista, como o próprio autor se classifica. “É o meu olhar de fotógrafo. Eu classifico-me apenas como um fotógrafo humanista, mais nada. É um testemunho de acontecimentos, um retrato de pessoas e é uma visão própria, que é a minha, deste tempo.”

No preto e branco a sensibilidade do autor exprime uma enorme tonalidade de sentimentos e emoções. A paixão, a brutalidade da guerra e o horror. O gesto simples da rotina do trabalho ou a troca de afectos. Imagens de Portugal, do Iraque, Moçambique e de muitos outros lugares.

Uma geografia alargada que confluiu num olhar universal e de sentimentos que dão vida às imagens. No meu caso, sou tocado pela amargura e ansiedade. Alfredo Cunha junta a felicidade. “Todo o tempo é de amargura, ansiedade e felicidade. Têm uma coisa em comum. São momentos, picos. Compreender isso, fotografar esses picos de ansiedade, amargura ou felicidade, é o que distingue um fotógrafo. É conseguir compreender a acção e a emoção. Nesta exposição está uma das fotografias onde se vê mais felicidade. É de Moçambique, um miúdo com três cães ao colo. É um retrato de felicidade. É uma das melhores fotografias que eu tirei”.

Jeremias está eternamente feliz no nosso olhar, como também as duas crianças que saltam para a água, na fotografia que está ao lado na exposição.
Aqui não há tempo, nem presente, nem passado. Ao contrario de outras que apelam à acção ditada, por exemplo, pelo vazio de humanismo. “Encontramos na exposição a beleza e o drama. Está cá a guerra e a felicidade. Tem a ver com a minha visão. Eu vivo muito e fotografo muito nestes dois registos: a grande tensão e também a grande felicidade.”

A exposição na Casa da Imprensa, em Lisboa, pode ser vista até 3 de Junho e a entrada é gratuita.
 Alfredo Cunha “um fotógrafo humanista” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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