Arripiado deve o nome a uma lenda do castelo de Almourol, vizinho da aldeia, que tem como tema de fundo um enamoramento. De certa forma, essa paixão encontra correspondência na beleza do Arripiado a espelhar-se no Tejo. Uma paisagem deslumbrante.
O casario branco desce a encosta com um declive acentuado. As ruas e escadarias estreitas alargam depois o horizonte na zona ribeirinha, num espaço belo, calmo, com zonas verdes e construções de madeira que acompanham o rio.
Um lugar aprazivel para se passear, a qualquer hora do dia. “É uma zona muito visitada porque é calma e tem uma paisagem lindíssima. As pessoas podem circular, podem ver a paisagem até Vila Nova de Barquinha ou ir ver o castelo de Almourol.”
O testemunho é de Susana Anjos que tem um café com esplanada numa das zonas mais bonitas, a Praça da Barca. Fica ao lado do cais militar. É um espaço contemplativo com uma vista magnifica para o rio Tejo e Tancos.
Na praça vemos duas esculturas de José Coelho. A Barca e Peixes. Há também uma âncora muito antiga que foi encontrada no Tejo. Evocam a simbiose do património natural e cultural.
Nas palavras de Susana Anjos, são contributos para uma classificação única em toda a região: “costumamos dizer que é a aldeia mais bonita do distrito de Santarém. À noite a vista para o rio e para Tancos é muito bonita. O Arripiado parece um presépio. À noite prefiro ver o Arripiado a partir de Tancos do que a vista para lá.”
Partilho a opinião de Susana Anjos. Em particular ao pôr do sol e princípio da noite. É fascinante a vista do Arripiado e do Tejo a partir de Tancos.
É possível atravessar o rio entre as duas localidades e faz parte do roteiro habitual de muitas pessoas que visitam o Arripiado.
“Até estrangeiros. Costumam ir ao miradouro do castelo de Almourol. Depois à zona ribeirinha do Arripiado e andam pelo parque. Alguns fazem a travessia de barco. Há uma pessoa que faz a travessia no dia a dia e também passeios até ao castelo.”
Há uma altura do ano em que a travessia de barco é um momento especial.
Entre 15 e 18 de Agosto os padroeiros de Arripiado e Tancos integram uma procissão fluvial. S. Marcos, o padroeiro de Arripiado, fica numa das margens em frente da Senhora da Piedade, a padroeira de Tancos. “Umas vezes é num lado, outro ano é noutra margem.”
A paixão e o enamoramento também marcam a aldeia e o próprio nome. Uma versão da lenda do castelo de Almourol relata que o alcaide, o pai da princesa Ari, devido a um amor proibido, a prendeu no castelo. Ari ficou peada e emprestou o nome a Arrripiado.
O nome do café de Susana Anjos alude à lenda, chama-se Ariblue e no interior tem uma composição em azulejos que retrata o castelo e a princesa no meio das águas do Tejo. “É um painel da pintora Graça Neto.”
A visita ao Arripiado tem ainda se passar pelas ruas estreitas ao longo da colina. Até ao alto à igreja de S. Marcos. Próximo da praça da Barca havia uma igreja que estava com frequência a ser alvo de arranjos devido às cheias.
Foi substituída por uma igreja no alto da povoação, em meados do século passado, e a fachada é constituída, pedra a pedra, por uma de outra igreja que também foi deitada abaixo junto à estação de Santa Apolónia em Lisboa.
A fachada é grande e as pedras foram transportadas de comboio até Tancos e depois de barco até ao Arripiado. Ficou concluída em 1960 e ergue-se no topo do casario. É uma presença permanente em todas as fotografias panorâmicas de Arripiado.
Ao pôr do sol o Tejo também fica Arripiado faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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