O pão caseiro do Moinho de Papel em Leiria

É uma descoberta agradável e uma surpresa. Andamos a visitar o Moinho de Papel, em Leiria, e subitamente surge o aroma do pão acabado de cozer. O moinho produzia papel e azeite e as mós das farinhas continuam em atividade e todas as sextas feiras há pão de mistura.

Alcina e Fernando Cadima tinham acabado de comprar um pão “de centeio e trigo. A senhora faz à sexta-feira e por encomenda. Telefona-se e ela faz de acordo com as encomendas.”

Vinham de uma sala ao lado, de onde se ouve o barulho de uma mó a fazer farinha e onde o aroma era mais intenso.
No moinho de cereais há quatro mós, movidas pela enorme azenha que se movimenta pela força das águas do rio Lis. Trituram ao longo da semana trigo e centeio, as farinhas do pão caseiro.

“É ótimo, feito com cereais moídos aqui no moinho. Trazem os cereais para serem moídos. Parte da farinha é para o pão e também para ser vendida.”

As farinhas são feitas de modo tradicional no moinho de cereais e é também uma componente pedagógica do Moinho de Papel.

Trata-se de uma estrutura que remonta ao início do século XV e destaca-se pela primeira unidade de produção de papel em Portugal e a matéria prima eram farrapos de algodão.

O Moinho de Papel foi reabilitado em 2009 pelo arquiteto Siza Vieira e merece outra visita, aprofundada.
Agora vamos ao pão, colocado num tabuleiro de madeira, grande, numa sala ao lado das mós. “A forma é redondo ou ao comprido. Mas a massa é sempre a mesma.”

Ainda vi cerca de uma dúzia à espera dos autores da encomenda.
É Sandra Margarida que faz a moagem e o pão.

Há uma década que tem esta rotina e é com gosto que recebe os clientes e também os visitantes que procuram conhecer o processo de moagem e a qualidade das farinhas que podemos ver em alguns sacos.
O pão é cozido à sexta-feira e a quantidade varia conforme as encomendas.

É igualmente interessante descobrir a engrenagem do moinho e pela janela assistir ao movimento da azenha e à passagem do rio Lis entre bonitas zonas verdes que acompanham o leito do rio a entrar na zona histórica da cidade.