Quatro pontes marcam a paisagem e a história da travessia do Tejo entre Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo. São todas do século XIX.
Uma cortou cabeças, outra originou contestação por não se dormir a sesta e a das barcas é o exemplo mais evidente de como o rio é implacável.

Um dos lugares mais aprazíveis para passear e ver a relevância das pontes centenárias é uma esplanada no Aquapolis – Parque Urbano e Ribeirinho de Abrantes, próximo do centro histórico de Rossio ao Sul do Tejo.

Ponte das Barcas

A praça coberta, com zonas ajardinadas e pedonais, fica ao lado dos grossos pilares de pedra, alinhados em direção ao rio.
Derrotados pelo rio implacável e pela falta de manutenção que destruíram a travessia que remonta ao inicio do seculo XIX.

Está classificada como Imóvel de Interesse Público e os pilares são designados como mourões, numa alusão à ocupação muçulmana e a anteriores travessias que haveria neste local.

A ponte das barcas situa-se entre as ligações rodoviária e ferroviária. Ambas são determinantes para o movimento de pessoas e bens entre as regiões Norte e Sul do Tejo.

Ponte rodoviária sem direito a sesta

A ponte rodoviária mantém um movimento intenso de veículos de mercadorias.
Alonga-se por quase 370 metros de comprimento e foi inaugurada em maio de 1870.

Durante a sua construção houve tumultos porque o diretor da obra não deixava os trabalhadores dormir a sesta, descreve Teresa Aparício na obra “Memórias das Pontes” e citada por Margarida Serôdio no mediotejo.net

Outro protesto decorreu da cobrança da portagem de um centavo durante 75 anos.
A travessia rodoviária foi sucessivamente fustigada pelo rio Tejo, obrigando a uma corrente quase permanente de trabalhos de manutenção.
O tabuleiro da ponte foi alargado, agora é de betão armado.

A passagem de veículos provoca um ruído permanente.
Na ponte ferroviária o som é esporádico e chama o nosso olhar para a passagem de composições pelo meio da estrutura metálica ao longo de mais de 400 metros de comprimento.

A construção da ponte terminou em 1889. Foi a primeira obra de arte da linha ferroviária no troço entre Abrantes e Covilhã.

Ponte “corta-cabeças”

O comboio, neste sentido, passa antes pelo ponte “corta-cabeças”.

O nome não é uma metáfora. Tem alguma correspondência com a realidade que só foi profundamente alterada em 1965.

A estrutura metálica tem uma passagem estreita e provocou várias vitimas mortais para quem seguia no comboio de cabeça de fora das janelas.

Conta José Martinho Gaspar, que “a solução encontrada, a partir de determinada altura, traduziu-se em parar o comboio e tocar uma campainha, acompanhada de um aviso, para que todos recolhessem a cabeça para o interior das carruagens.”

A estrutura metálica tem agora uma altura menor,  abaixo das janelas dos comboios.

A ponte é sobre o rio Torto e um dos melhores pontos de observação é na estrada rodoviária que liga ao Tramagal.

“Cidade Imaginária” do escultor Charters de Almeida

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