Bartolomeu de Gusmão encantou o rei D. João V e a corte de Lisboa ao mostrar como podia voar um balão com ar quente.
Ficou conhecido como o “Padre Voador”, expandiu o nosso sonho de voar e lançou ventos imaginários que se propagaram rapidamente pela Europa e foram precursores da aeronáutica.
Morreu há 300 anos e é evocado em muitos lugares de Lisboa e do Brasil, em particular em Santos, sua terra natal.
Bartolomeu de Gusmão foi um menino prodígio.
Interessou-se pela física e ao longo da sua vida concretizou vários inventos.

Aliado da fé, tornou-se padre, viajou para Portugal e com 24 anos de idade obteve de D. João V a patente de um instrumento que, nas palavras de Bartolomeu de Gusmão, permitia “andar pelo ar da mesma sorte que pela terra e pelo mar”.

O rei concedeu-lhe o privilegio em Abril de 1709 e quatro meses depois Bartolomeu já fazia demonstrações nos palácios reais e com a presença do próprio Rei-Sol Português.
São várias as narrativas do que terá ocorrido.

Citamos a do Cardeal Conti, futuro Papa Inocêncio XIII, que esteve presente em Agosto de 1709 na Sala dos Embaixadores da Casa da India: “realizou dois exercícios na presença do rei, nos últimos dias. Ele construiu um corpo esférico de pouco peso; mas como as virtudes impulsivas ou atrativas consistem em espíritos, eles pegaram fogo e o dispositivo queimou na primeira vez.
Sem se mover, na segunda vez, embora tenha atingido a altura de duas canas, queimou parcialmente.
Agora ele está comprometido em demonstrar que a sua invenção não cria perigo e, por isso, está construindo um maior”.
Após fazer subir o balão, cerca de 4 metros, na sala do palácio real, no inicio de Outubro, Bartolomeu lançou um outro balão, maior, do terraço da Casa da India.
Surgiram relatos de mais voos, como por exemplo do castelo até ao Terreiro do Paço, mas não há provas evidentes. Bartolomeu ficou conhecido com o nome de Padre Voador e o seu feito ganhou fama na Europa.
Com um acrescento relevante. Um filho do nobre que acolheu Bartolomeu de Gusmão em Lisboa era aluno de Matemática do padre voador. Tinha 14 anos e também prodigiosa imaginação. Desenhou o que conhecemos hoje como, a Passarola, para despistar os curiosos.
Apesar do sucesso nos primeiros passos, o projeto não teve seguimento.

Bartolomeu de Gusmão viajou para outros países, retomou e concluiu o curso na Universidade de Coimbra e o rei deu-lhe vários cargos relevantes. Foi inclusive, membro fundador da Academia Real de História Portuguesa que iniciou a atividade no palácio dos Duques de Bragança.
Apesar do prestígio na corte e de ser protegido pelo rei a história não vai acabar bem.
A relação com familiares e amigos judeus levou-o a converter-se.
Haverá também uma polémica com freiras e, tudo junto, para evitar a Inquisição, fugiu com o irmão.
Procuravam alcançar a Inglaterra, mas acabaram por seguir até Espanha, com parte do caminho feito a pé e sem recursos.
Bartolomeu adoeceu e morreu em Novembro de 1724 no hospital de Toledo com 38 anos de idade.
Em Portugal o nome de Bartolomeu de Gusmão é evocado na toponímia de várias localidades e em escolas.
É o caso de Lisboa onde se junta uma lápide no castelo de S. Jorge, inaugurada em 1912, promovida pelo Aero Club de Portugal. Outra evocação é a estátua de Bartolomeu de Gusmão junto ao aeroporto.
É uma criação do escultor Martins Correia e o monumento foi inaugurado em 1989.
Por último, é obrigatório referir o padre Bartolomeu Lourenço, a evocação de José Saramago do padre voador, na obra Memorial do Convento.
Principais fontes de informação:
Bartolomeu Lourenço de Gusmão: o primeiro cientista brasileiro
Ilustração Portuguesa – Hemeroteca de Lisboa