Mértola é um museu a céu aberto que revela a sua história de porto comercial por várias civilizações. Até a sala de entrada do hotel onde fiquei tem uma galeria com ruínas romanas.
No edifício da Câmara Municipal a situação é relativamente semelhante.
A cave está repleta de ruínas de uma casa romana e até funciona como um núcleo museológico. É a Casa Romana.
Em muitos outros lugares da vila estão a decorrer trabalhos arqueológicos como por exemplo na Alcáçova do Castelo.
Há quatro décadas que há um trabalho contínuo desenvolvido pelo Campo Arqueológico de Mértola e que nos leva sempre para o rio.
O Guadiana foi a auto estrada que levava bens e pessoas para o Mediterrâneo e o porto de Mértola era o inicio do percurso fluvial.
Foram intensas as trocas comerciais realizadas por vários povos e civilizações. Mértola acaba por refletir nas ruas, nas casas, na paisagem urbana a herança dos povos que por aqui passaram, nomeadamente os romanos e árabes.
O legado que se sente não é apenas no património edificado. É também a nível cultural.
O multiculturalismo, a aceitação do diferente e a hospitalidade são traços que foram transportados até aos dias de hoje, sublinha João Rolha do Turismo de Mértola ao definir o legado histórico.
Um dos melhores exemplos desta fusão de culturas e religiões é a Igreja de Nossa Senhora da Anunciação ou também designada Igreja Matriz. Rivaliza a atenção com o castelo. É toda branca e percebe-se logo a influência islâmica.
Foi um templo romano, depois cristianizado e com os árabes foi mesquita. Com a reconquista mudou de credo mas mantém muitos dos traços da mesquita e é o único exemplar de arquitetura religiosa islâmica em Portugal que chegou até aos nossos dias. Pode-se visitar e quando se deslocar ao núcleo museológico repare na porta da antiga mesquita.
A igreja está classificada como Monumento Nacional. O castelo tem estatuto idêntico e a sua história tem um filme muito parecido. Foi reconstruído por vários povos e foi com a reconquista que foram marcados os traços que ainda preserva. Tem duas torres e uma é de menagem.
É igualmente com a reconquista que as muralhas ganharam a actual robustez. São construções muito altas. Temos uma noção mais precisa da sua monumentalidade num passeio de barco no Guadiana.
As muralhas e o castelo ganharam ainda maior destaque porque a cor da pedra foge do branco que pinta o casario.
A bonita torre do relógio marca o tempo fora e dentro da muralha e é outro dos edifícios mais fotografados. Sem dúvida que o castelo é o melhor miradouro e local indicado para fotografias panorâmicas mas não deixe de ir à varanda do mercado municipal que tem uma excelente vista para o Guadiana.
Um rio de História em Mértola faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
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