Este Sábado vai haver uma procissão com um pipo num andor e em honra de Santa Bebiana que a tradição popular assinala como a “santa dos bêbados”.
A festa realiza-se em vários lugares das Beiras, como por exemplo em Caria. No entanto, é sem dúvida no Paul que tem maior popularidade juntando milhares de pesoas em particular na noite da procissão e seguem um pipo.
O desfile é pelas ruas da vila. Um pipo decorado com flores e que personifica Santa Bebiana segue no andor ao lado de uma carroça com um dos personagem da festa que oferece vinho. No desfile vai também o Pregador de Fora.
Jorge Pedro, que é membro da Direcção da Casa do Povo de Paul e que já participou na organização de várias procissões, tem sempre uma dúvida quando chega a vez do sermão ao final da noite porque “a maior parte das pessoas provavelmente já não está em condições de ouvir o pregador nem de o ver apesar de ele subir para cima de uma fonte”.
Apesar de não ser muito ouvido, foi o sermão que popularizou a procissão. É uma região “muito reivindicativa e os pregadores eram sábios nas palavras e contundentes na critica”. Há muita gente que vai à procissão só para ouvir o pregador.
O sermão foi introduzido quando da primeira recriação da tradição de Santa Bebiana.
No final dos anos 50. A própria procissão é uma réplica de uma prática com mais de um século de existência e que tem a ver com a transumância de inverno.
Quando os pastores desciam a serra para as regiões temperadas. Colocavam os chocalhos na cintura e com os ganhões da terra festejavam a abertura dos pipos de vinho. Faziam a “ronda” dos pipos, percorriam as adegas onde comiam e bebiam em grupo.
Chegados aqui é preciso fazer uma ressalva. Diz Jorge Pedro que o vinho de Paul não é nada de mais, ao contrário da aguardente que é considerada muito boa. Por isso, havia o hábito de fazer jeropiga e só na freguesia há mais de 30 produtores que fazem uma prova no domingo e que é avaliada por um júri.
Durante os três dias da festa os visitantes também podem provar a jeropiga. Há várias tascas que são as antigas adegas e estão abertas ao público. Em algumas casas acabaram também por abrir as portas da loja, onde antes se guardavam os animais. São ambientes rústicos e genuínos.
A organização da festa é da Casa do Povo de Paul, fundada em 1973 e que pretende recuperar e preservar o património natural e imaterial da freguesia. Desenvolvem ainda projectos de iniciação das crianças às artes, através de oficinas.
No Paul, quer chova, quer neve, quem tem sede bebe faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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