Ir de férias até Trás-os-Montes, através de passeios vamos descobrir uma raça autóctone e a sua paisagem e, quiçá, adoptar um burro de Miranda.
A Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) pretende dignificar os burros e conservar a raça de Miranda que deixou de estar em risco de extinção mas continua ameaçada. Segundo Miguel Nóvoa, secretario técnico da raça asinina de Miranda e dirigente da AEPGA desde 2002 que a raça tem vindo a recuperar. Passou de quase 0 para uma centena de nascimentos por ano.
No presente há cerca de 700 fêmeas e 40 machos reprodutores. Com esta recuperação Miguel Nóvoa diz que na próxima década o desígnio não deverá ser aumentar muito mais a quantidade mas apostar na qualidade.
Fomentar novos criadores e agricultores e famílias que queiram ter um exemplar como animal de estimação ou que possa ser usado em diferentes projectos como por exemplo, turismo, agro-turismo, pedagógicos ou terapêuticos.
A raça asinina de Miranda caracteriza-se por ser calma, dócil, de cor castanha e de pelo comprido. É um encanto para muitas crianças que se deliciam a fazer um passeio com estes animais. Há muitas famílias que se deslocam aos vários centros com burros de Miranda para usufruírem desta e de outras experiências.
Um dos centros é da AEPGA, fica em Atenor e permite fazer vários tipos de passeios com burros. Alguns prolongam-se por cinco dias. Neste centro pode-se interagir com vários animais, inclusive com crias que fazem parte da campanha de apadrinhamento para recolha de fundos.
Outro é o Centro de Acolhimento do Burro, em Pena Branca. Acolhe animais velhos e abandonados. A visita é gratuita e acompanhada com um guia.
A terceira possibilidade é no Parque Ibérico de Natureza e Aventura no concelho de Vimioso.
Com os burros de Miranda são desenvolvidas acções lúdico-pedagógicas que permitem interagir com os animais mas também ir um pouco mais longe – as pessoas aprendem algo mais sobre os burros, os cuidados básicos e estimula-se a vontade de um dia terem um.
Independentemente destes centros é frequente na paisagem transmontana encontrar alguns burros a laborar na agricultura ou a fazer companhia a residentes. Um cenário bem diferente do que se passava há mais de um século, antes da massificação das máquinas agrícolas.
A principal força motriz era de animais. Para o transporte e agricultura. Predominava o gado muar, que na altura vulgarmente se chamava de mulas ou machos. Resultavam de um cruzamento de uma burra com um cavalo. Devido ao tamanho grande e às suas características a burra de Miranda era muito procurada para a produção do gado muar e havia vários criadores.
O contexto hoje é completamente diferente. Os machos e as mulas estão em risco de extinção e segundo Miguel Nóvoa é necessária uma reflexão sobre a necessidade de se continuar a reproduzir este tipo de animais.
A Associação produz e é parceira de uma grande quantidade de iniciativas e reúne a colaboração de voluntários.
Os simpáticos burros de Miranda faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Os simpáticos burros de Miranda, pode ouvir aqui.