A Beatrice, artista de mosaico contemporâneo é francesa e há 10 anos que vem com amigas ajudar a manutenção e reparação de mosaicos da Villa Romana do Rabaçal, no concelho de Penela.
No ano passado juntaram-se dois ingleses e mais voluntários portugueses, na maioria estudantes de arqueologia e antropologia, que complementam a sua formação académica com uma componente prática.
Agora estão a decorrer escavações noutro sítio arqueológico, mais recente, a Villa Romana de São Simão. Os trabalhos devem alongar-se para além de Setembro e estão também recetivos a voluntários, em especial alunos ligados a arqueologia. Alguns resultados são já visiveis.
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O Museu da Villa Romana do Rabaçal, que centraliza este património também recebe outras pessoas que são voluntárias e que não procuram uma formação académica. Têm uma breve introdução e desenvolvem a actividade integrados em equipas.
Foi graças a muito deste trabalho voluntário que se conseguiu preservar a Villa Romana do Rabaçal.
Está a cerca de 1km do centro urbano, numa área plana e o campo arqueológico tem uma dimensão de centenas de metros. Pequenos muros definem a construção e os vários compartimentos. “Os balenários romanos estão um pouco mais distantes e ainda têm os fornos que aqueciam a água. Conforme se circula em volta das ruínas percebemos que o eixo central é a zona circular das colunas que era um jardim interior, muito próximo de outros espaços menos exuberantes.”
As escavações arqueológicas desenrolam-se nas últimas décadas e, ainda segundo Flávio Simões, antropólogo, e que trabalha no Museu da Villa Romana do Rabaçal, o que já se pode ver revela que o proprietário da vila era rico. “Ter uma casa de campo, um palacete, com mosaicos e paredes forradas a mármore são alguns sinais de grandes posses económicas.”
Uma das áreas mais interessantes é onde estão os mosaicos. Encontram-se em bom estado e conservação. Há vários painéis com mosaicos e muitos são desenhos de mulheres. As pequenas pedras coloridas dão forma a gravuras coloridas, com muitos detalhes.
Segundo Flávio Simões não foi difícil definir a área de escavações porque é baixa a profundidade a que estão os vestígios das ruínas apesar do desgaste a que foram sujeitos. O espaço foi sempre utilizado com propósitos diferentes. Depois de abandonado foi uma zona agrícola. O que não foi danificado pela agricultura foi delapidado na utilização de pedras que as pessoas vinham aqui buscar para construírem outros edifícios. No séc. XVII foi cemitério, mas também acabou por ser esquecido e transformado posteriormente num olival.
Nos últimos anos as escavações e todo o trabalho de investigação contaram com muitos voluntários e a colaboração da população. Chegaram até a guardar provisoriamente alguns dos achados e constituíram a Associação de Amigos da Villa Romana do Rabaçal.
Na altura da minha visita o passo seguinte que se ambicionava era uma cobertura para proteger os achados da chuva e do sol e dar a conhecer aos visitantes uma das maiores riquezas do campo arqueológico: os mosaicos que estão em bom estado e conservação.
As pequenas pedras coloridas dão forma a gravuras coloridas, com muitos detalhes.
O sítio arqueológico está protegido, tem um edifício de apoio e para ser visitado o ponto de partida é o Museu no Rabaçal onde se encontram em exposição alguns achados arqueológicos.
Foi editado um livro “Corpus dos Mosaicos Romanos de Portugal – A Villa do Rabaçal” do arqueólogo Miguel Pessoa. A edição teve o apoio da Câmara Municipal de Penela, da Associação de Amigos da Villa Romana do Rabaçal e do programa Promuseus da Direção-Geral do Património Cultural. Ver ainda São Simão MOSAICO COM INSCRIÇÃO NA VILLA ROMANA DE S. SIMÃO.
Ver e participar em trabalhos de arqueologia – villas romanas no Rabaçal faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio: