A Gruta do Escoural é um dos refúgios da nossa história e um encanto pela beleza natural do calcário que se mostra robusto em algumas partes, noutros cantos os pedaços estão num equilíbrio periclitante e no tempo de chuva revela que é um abrigo com muitas fissuras.
O espaço não é muito grande. A gruta terá cerca de 20 metros de profundidade mas os visitantes descem apenas alguns metros entre rochas calcárias com formas muito variadas. Provavelmente tal como os nossos antepassados, há mais de 30 mil anos. A ocupação nessa altura era irregular porque, como nos diz o arqueólogo Mário Carvalho, antes do neolítico, quem aqui procurava abrigo era por pouco tempo. “Havia muita mobilidade. Estas comunidades viviam essencialmente junto aos estuários. Do Sado, Tejo e Guadiana. Estes estuários estão a um dia, dia e meio, de caminhada até à zona de Évora. Temos evidencias arqueológicas disso como é exemplo a Gruta do Escoural que era uma zona de caça. Faziam expedições de caça e retornavam à costa” a presença mais regular foi mais tarde, a partir do neolítico. “É preciso ser pastor e agricultor para viver nesta paisagem o ano inteiro. Apenas caçador e coletor não tem sustentabilidade para o ano todo.”
Com uma utilização mais frequente, a gruta do Escoural terá sido um santuário e o que vemos hoje são apenas indícios das muitas funções que terá desempenhado e segredos que, por exemplo, se manifestam através de desenhos e gravuras como nos revela Sónia Contador que guia os visitantes até ao interior da gruta. “o que chama mais a atenção são as imagens pré-históricas que existem no interior. Existem imagens do Paleolítico Superior. Esta é a única gruta em toda a península ibérica onde ainda podemos ver imagens originais.”
As imagens estão pintadas a preto, outras a ocre vermelho e as gravuras rasuradas com pedras finas
Alguns dos traços dos desenhos ou das gravuras são precisos, mas não anulam a ambiguidade. Noutros casos, os fios de água ao longo de milhares de anos, originaram alterações na rocha calcária e esconderam os traços. Aumenta a ambiguidade que põe à prova a ciência dos arqueólogos e a imaginação dos visitantes. Mais seguro é que se trata de representações de animais. “O cavalo e o auroque são os principais animais que conseguimos encontrar. Mas há outras imagens, mais indefinidas. É por isso que há visita guiada, para se descobrir o local onde se encontram e o delineado de cada uma.”
Admite-se que possam existir mais imagens devido à mudança da disposição das pedras. A alteração deveu-se a efeitos geológicos e também devido à pedreira que funcionava ao lado e que permitiu a descoberta da gruta. Foi em 1963 e no mesmo ano foi classificada como Monumento Nacional.A gruta teve obras de requalificação em 2009 e foram introduzidas melhorias significativas na preservação e na forma como pode ser visitada, com alterações no passadiços e iluminação.
Devido ao espaço reduzido no interior é limitado o numero de visitantes e a marcação tem de ser feita previamente no Centro Interpretativo da Gruta em Santiago do Escoural.
O centro tem uma pequena exposição arqueológica da Gruta e está localizado no interior de Santiago do Escoural. A Gruta está nas proximidades da aldeia, na serra do Monfurado.
A gruta do Escoural da natureza e de caçadores faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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