No Sardoal toda a gente o conhece como o Eucalipto Grosso. Facilmente se percebe a razão do nome quando nos aproximamos. A circunferência base é de 16 metros e o tronco é cilíndrico com uma largura também enorme. Só depois de se desdobra em vários ramos até atingir os imponentes 64 metros de altura.

Estima-se que o Eucalipto Grosso – Eucalyptus globulus Labillardière – tenha cerca de 170 anos e na base já tem vestígios da longa idade. Vê-se uma concavidade. No tronco há vários nós grandes e alguns ramos que estavam virados para a estrada foram cortados. Uma “dieta” obrigatória para garantir a sua salvaguarda e do espaço envolvente.

Há cerca de 3 anos houve uma ação mais profunda conforme adianta Miguel Alves, presidente da Junta de Freguesia do Sardoal. “Teve uma intervenção pelo ICNF, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, devido a ramadas muito compridas. Uma delas caiu. Felizmente delimitou-se a zona e conseguiu-se fazer a recuperação, o corte e debaste a tempo.”

Os técnicos do ICNF regressaram este ano. Têm a seu cargo a supervisão do eucalipto porque é uma árvore classificada como monumental.

Ainda nas palavras de Miguel Alvez, “é uma árvore muito antiga, muito bonita e que carece de algum cuidado porque está debruçada sobre uma via rodoviária, uma passagem e da escola.

O Eucalyptus globulus Labillardière foi classificado em 1972  pelo ICNF como Árvore de Interesse Público e tem uma proteção metálica junto à base. “O interior é tão grande que a rapaziada mais nova entrava para dentro. Por vezes jogavam às cartas.”

O Eucalipto Grosso está mesmo ao lado da estrada que liga Sardoal a Alcaravela.
Na altura em que começou a crescer não havia estrada, apenas um caminho de terra. Curiosamente. foi plantado, talvez, pelo trisavô da mulher de Miguel Alves. “Foi o avô ou bisavô da minha sogra que o plantou. Tinham posses, muitas herdades e terrenos, e plantaram esse eucalipto que se tem aguentado no tempo e certamente nós vamos partir e ele cá ficará.”

O eucalipto é vizinho de um pequeno jardim. Do outro lado da estrada há várias árvores, designadamente oliveiras e na comparação o eucalipto torna-se num gigante com uma estatura imponente. No entanto, é um solitário.

É o que se pode depreender do testemunho de uma das alunas que frequenta o vizinho agrupamento de escolas e que todos os dias passa ao lado do eucalipto. “Sinceramente não ligamos muito porque fica à beira da estrada e não é um sitio muito frequentado por jovens. Não é habitual as pessoas irem ver o eucalipto. Acho que quase ninguém liga ao eucalipto grosso.”

Um conceito desenvolvido por dois investigadores, há duas décadas, designou esta situação de cegueira botânica. Procura traduzir a indiferença de um número muito significativo de pessoas para com as plantas e a incapacidade de apreciarem a beleza e o seu valor ecológico.

No concelho do Sardoal há outras árvores classificadas e algumas de interesse histórico como por exemplo os freixos do Convento de Santa Maria da Caridade que teriam sido trazidos da Índia por marinheiros que acompanharam Vasco da Gama.

O Eucalipto Grosso do Sardoal que tem de fazer “dieta” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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