Gonçalo tem tradição na cestaria. Fica no concelho da Guarda e a sua arte alargou-se a Portugal Continental.

As peças tradicionais são feitas em vime e uma delas tem a forma de bandeja e a cor é clara, num trabalho delicado.

Cestas tradicionais
Cestas tradicionais

Há alguns anos atrás estas bandejas eram muito usadas para colocar a roupa depois de ser passada a ferro.

António Vaz
António Vaz

António Vaz é artesão. Falei com ele na loja da casa onde trabalha com a mulher e por vezes com mais um ou dois empregados. É num ambiente escuro, trabalham sentados em pequenos bancos, ao lado de vime e verga que está arrumada ou espalhada por quase todo o compartimento.

O banco onde se sentam para trabalhar
O banco onde se sentam para trabalhar

É habitual em Gonçalo os artesãos trabalharem na loja da casa ou num anexo.
António Vaz já teve 12 trabalhadores mas a concorrência estrangeira obrigou-o a uma redução drástica. Ainda tem alguma produção e consegue escoar os produtos. Uma a duas vezes por mês transporta a mercadoria para os clientes que são certos. Uns são revendedores, outros vendem nas feiras outros têm lojas.

Inicio da feitura de uma cesta
Inicio da feitura de uma cesta

A crise na cestaria está a afectar a vila de Gonçalo. Restam poucos artesãos e paira a ameaça de extinção desta atividade. Além de António Vaz há um primo e mais dois ou três reformados.

ºeças prontas para trabalhar
ºeças prontas para trabalhar

A cestaria em Gonçalo tem tradição de séculos e num passado recente ainda era a actividade principal na povoação. Uma cooperativa dava emprego a mais de duzentas pessoas. Após o encerramento é cada vez menos o número de artesãos.

Vime e verga
Vime e verga

A matéria prima, o vime e a verga, é cara e difícil de encontrar. Por outro lado, a cestaria tem uma forte concorrência estrangeira e a de Gonçalo não está registada. Há muita gente que a confunde com a chinesa que “tem uma palhinha estreita e que parte depressa. A nossa é de vime e dura muito mais”. Diz ainda António Vaz que outro motivo para o fim anunciado da cestaria de Gonçalo é a falta de interesse dos jovens nesta arte. “A juventude não quer nada disto. Prefere ir para fábricas ou outro lado. Isto vai acabar aqui. É mais seis a 10 anos.”
O desencanto de António Vaz é de certa forma partilhado por várias entidades oficiais. Ainda recentemente o Parlamento aprovou uma resolução para que seja criado um Centro de Valorização da cestaria e uma melhor promoção das qualificações dos artesãos.

Cestaria de Gonçalo em risco de acabar faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui. O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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