Com a migração de aves para o sul, para o continente africano, que está a decorrer, as Salinas do Samouco são uma “estação de serviço” de algumas espécies oriundas, por exemplo, da Sibéria.
As Salinas do Samouco são um santuário para as aves na metrópole de Lisboa. É também um lugar único para passeios pela natureza e a descoberta de uma enorme biodiversidade.
Diz André Baptista, educador ambiental da Fundação para a Proteção e Gestão Ambiental das Salinas do Samouco que “ao longo do ano podemos ver sempre várias espécies. Até aos dias de hoje já se registou a presença de 203 espécies de aves. É um refúgio de maré muito importante para as aves em migração.”
As salinas constituem um complexo natural e de intervenção humana com quase oito séculos e uma vastidão de 360 hectares no concelho de Alcochete.
Além das salinas, os dois principais percursos pedestres levam-nos para sapais, pequenos braços de rio, comportas e uma grande diversidade de plantas onde se abrigam algumas espécies como coelhos que rapidamente fogem quando da nossa aproximação.
As aves são preponderantes e à vista desarmada a que mais se destaca é o flamingo.
“O flamingo é também o que atrai mais gente aqui. Tem a ver com a sua dimensão e as cores. As garças também são aves de grande porte e fáceis de observar.
O mesmo com os patos e os guinchos.
Esse tipo de aves são os mais comuns mas, muitas vezes, desconhecidos do público.”
Algumas das aves residem aqui, mas uma parte significativa está agora de passagem. “Na época de Setembro a Março as aves deixam as suas áreas de nidificação a Norte, por exemplo das zonas da Sibéria ou Islândia, descem até aqui e as Salinas servem como posto de combustível. As aves param, alimentam-se, carregam energia e continuam a sua emigração até África.”
Nem todas seguem viagem, segundo André Baptista “muitas fixam-se aqui no estuário do Tejo no Inverno. Depois em meados de Fevereiro, Março, seguem rumo a Norte, para as áreas de nidificação. É este o fluxo mais comum aqui no estuário.”
É por isso que quem procura observar algumas espécies de aves tem escolher as melhores épocas durante o ano. “Sem dúvida que a época invernante é sempre muito melhor. Estamos a falar de Setembro a Março. Há mais diversidade e maior densidade, maior número de aves. É a melhor época”
Na primavera há a presença de três espécies que vêm fazer a nidificação o Borrelho-de-coleira-interrompida,a Andorinha-do-mar-anã (ou chilreta) e Pernilongo. São três aves que vemos com frequência e têm comportamentos interessantes. Para além dos Passeriformes que temos algumas a nidificar. Temos também um pequeno pinhal onde encontramos três espécies de garças: garça-real, Garça branca pequena e a Garça-boieira.
No Verão um dos pontos altos é a extração de sal.
Ao longo do ano há motivos para a visita às salinas e são procuradas por vários tipos de visitantes.
“Durante a semana trabalhamos muito com escolas. Aos fins de semana trabalhamos com grupos organizados. Grupos de caminhadas, de lazer e essencialmente famílias. As famílias procuram-nos muito. Temos famílias que nos visitam ao longo do ano duas a três vezes, em épocas diferentes, para perceberem a dinâmica do espaço e todos os anos voltam. Eu aconselho sempre que a primeira visita seja guiada. É feita ao fim de semana com marcação prévia.”
Ao longo dos percursos pedestres há observatórios de aves. É também fácil observar os bandos a voar ou no meio da água. O efeito visual é particularmente bonito nas salinas que funcionam como um verdadeiro espelho de água.
Voos mais altos e igualmente frequentes são os das aeronaves da vizinha base aérea do Montijo.
Esta é das melhores épocas para observar aves nas Salinas do Samouco faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.