O Museu do Pão leva toda a família a uma descoberta didáctica e lúdica do ciclo do pão e da forma como esteve na génese de movimentos sociais, de decisões politicas e da envolvência religiosa.

É, deste modo, um projecto ambicioso, com várias salas temáticas e muito trabalho de recolha e investigação. Como pretende representar todo o país recolheram peças a nível nacional.

Andaram em alfarrabistas e lojas de antiguidade e algumas até foram emprestadas e oferecidas por moleiros e padeiros. As pessoas sentem orgulho em mostrar instrumentos que pertenceram aos seus familiares.

É uma forma de homenagear os familiares. A própria Dina Cruz, nossa cicerone, diz que sente imenso prazer em mostrar instrumentos do avô e dos pais. Por outro lado, é também uma forma de preservar esses objectos.

No inicio da visita deparamos com utensílios que nos mostram o ciclo do pão. A sementeira, a ceifa, a moagem e a cozedura. Cada uma destas etapas revela práticas e instrumentos que fazem reviver memórias aos mais velhos.

Por outro lado, percebemos como a necessidade impulsiona o engenho e como o pão foi o alimento base em várias civilizações e durante séculos.
Esta relação do pão com a luta pela sobrevivência, a fome e a distribuição dos alimentos remete para uma componente social e politica que também está presente no museu.

Recolheram documentos, muitos são originais, que mostram como os vários poderes tiveram uma atenção especial ao pão. A forma como controlaram o fabrico e a distribuição do pão. Autorizações régias, concessões, politicas agrícolas sobre os cereais ou sobre a regulamentação do fabrico do pão de modo a garantir a sua qualidade. O olhar do povo também tem voz através de manifestos, convulsões sociais e a sátira de Rafael Bordalo Pinheiro.

Numa outra sala é aprofundada a abordagem do pão por várias expressões de arte. O olhar realista ou abstrato da vida no campo, das searas, da arte de preparar e cozer o pão é revelado através da pintura, escultura, azulejaria ou cerâmica.

Também a arte do próprio pão é abordada, por exemplo, através de cunhos, como expressão popular ou afirmação de famílias mais abastadas. O povo fazia as marcas na base. Os endinheirados na parte de cima do pão.

Muitas destas obras de arte são de artistas contemporâneos e há também a particularidade de algumas esculturas e pinturas terem sido feitas com massa de pão. Os mais novos também metem as mãos na massa. É num espaço lúdico onde a imaginação e duendes mostram como se faz o pão. No final cada criança pode levar uma recordação. Um trabalho feito em massa de pão e personalizado. Os adultos têm outras opções.

Podem provar o pão que há à venda na mercearia em frente do museu e podem consultar livros na biblioteca que está junto ao bar e com vista panorâmica para a Serra da Estrela. O museu tem ainda um restaurante com vista panorâmica e no exterior existem objectos e ilustrações sobre várias artes e ofícios em Portugal.

Dina Cruz

Próximo de Seia há um moleiro com 12 azenhas a funcionar e são visitáveis.

Saborear o Museu do Pão em Seia faz parte do programa Vou ali e já venho da Antena1 e pode ouvir aqui.

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