A gruta fica no concelho de Ferreira do Zêzere e há vários milénios, desde o paleolítico, funcionou como abrigo natural e ajudou a fixar a população. Inclusive, nessa altura, terá havido um povoado no interior da gruta.

Seguindo o fio da história relatado por Hélio Antunes, vereador da cultura de Ferreira do Zêzere, a gruta esteve quase um milénio sem ocupação humana. O regresso terá sido na Idade do Ferro. Na altura, e perante os vestígios arqueológicos encontrados, o espaço foi utilizado para actividades relacionadas com a transformação de metais provenientes de outras regiões.

Vista para o interior da gruta
Vista para o interior da gruta

A gruta albergou atividade metalúrgica e a presença humana terá ido até à Idade Média. Só pontualmente a gruta foi utilizada como foi o caso das Invasões Francesas em que, segundo várias lendas, terá servido de refugio.
Originalmente a gruta terá sido uma bolsa de sal que ao longo dos últimos milénios foi preenchida com intervenção humana e natural.

Com os trabalhos arqueológicos a gruta encontra-se encerrada ao público. Pode-se ver do exterior.
Com os trabalhos arqueológicos a gruta encontra-se encerrada ao público. Pode-se ver do exterior.

Atualmente a gruta tem apenas 40 metros de diâmetro mas a sua área original é muito superior. Uma sonda revelou que terá 25 a 30 metros de profundidade abaixo do solo.
Os materiais aqui depositados estão em camadas. A argila ia tapando os vestígios e os novos ocupantes construíam sobre as camadas inferiores.

A gruta está rodeada de muita vegetação
A gruta está rodeada de muita vegetação

São quase três dezenas de História da Humanidade e que tem ainda a particularidade de os objetos encontrados estarem em bom estado de conservação (já foram recolhidos mais de sete mil) devido à argila abundante e alguma humidade.

“As características sedimentares registadas na Gruta da Avecasta, ao nível da qualidade das argilas em associação ao micro-clima húmido e à longa série sedimentar fina (semelhante à lacustre), conferem uma conservação excecional aos depósitos aqui conservados,”

Hélio Antunes diz que os trabalhos arqueológicos são um desafio para um século.

A gruta está a ser alvo de um ambicioso projeto arqueológico
A gruta está a ser alvo de um ambicioso projeto arqueológico

É um sitio arqueológico diferente do habitual. “Como existem muitas camadas e espólio é uma exploração que não se esgota em dois ou três anos. É trabalho para um século”.
As primeiras explorações arqueológicas começaram há cerca de 30 anos. Como o desafio é tão grande e prolongado, aspiram que a gruta se transforme num centro arqueológico universitário.

Moinho e a vista para as serras
Moinho e a vista para as serras

A gruta fica próximo da aldeia de Avecasta que também merece uma visita. Outra sugestão é passear pelo arvoredo de azinheiras, carvalhos e até há. A zona envolvente da gruta faz parte da Rede Natura 2000.
Imperdível é assistir ao por do sol ao lado do moinho de origem flamenga no topo do monte. Dizem que é um dos mais bonitos desta região.

Moinho de estilo flamengo. O sistema de rotação é com rodas sobre um rodado de pedra
Moinho de estilo flamengo. O sistema de rotação é com rodas sobre um rodado de pedra

A gruta de Avecasta está classificada como Sitio de Interesse Público.
Ver ainda: Introdução ilustrada ao sítio arqueológico e ao seu programa de estudo e valorização, de José Eduardo Mateus e Paula Fernanda Queiroz. São arqueólogos que têm realizado trabalhos no gruta.

Hélio Antunes
Hélio Antunes

Gruta de Avecasta – um livro sobre a história da Humanidade faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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