A foz do rio Mira em Vila Nova de Mil Fontes é um dos postais ilustrados da costa alentejana e também um dos lugares mais relevantes do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Um dos motivos tem a ver com a avifauna, em particular das aves migratórias.
António Francisco é mestre da embarcação, “Maresia” conhece bem o estuário e recomenda ver as aves no sapal e ao final da tarde, ao por do sol, regressam para as rochas junto ao mar e na ilha do Pessegueiro.
De madrugada voltam para o estuário e há muitas aves até Odemira. Pombos, gaivotas, corvo-marinho, garças-reais, maçaricos…”
O “Maresia” é uma embarcação tradicional do estuário do Mira e António Francisco reparte o seu tempo entre a pesca e a travessia para a praia das Furnas ou passeios no rio.
José Mário dirige o barco de outra companhia – River Emotions– que faz regularmente passeios até Odemira e também sublinha que o enquadramento natural é o mais aliciante na viagem, “até porque o estuário faz parque do Parque Natural e é um rio com águas limpas”.
O passeio até Odemira é o mais longo. José Mário diz que são 2.20h de viagem. “O regresso é de transfer para evitar que as pessoas passem muito tempo no rio e se torne saturante.”
O rio Mira é navegável 35km, de Vila Nova de Mil Fontes até Odemira. No entanto, perto de Odemira o rio tem menos profundidade o que exige conhecer bem as marés. O inicio da viagem é com a maré a encher para chegarem a Odemira com a maré cheia devido à pouca profundidade.
O passeio permite descobrir uma parte importante do curso do rio que corre para Norte. O curso é mais estreito e a vegetação é mais alta próximo de Odemira. Depois o rio alarga-se, ganha profundidade e força para fazer mover, por exemplo, o antigo moinho de maré que se chama Moinho da Asneira.
Tem este nome estranho porque, dizem, o moleiro arrependeu-se da compra e andava sempre a dizer que foi uma asneira o que fez. Hoje é um empreendimento turístico.
Próximo do moinho há uma zona de sapais e é muito procurada pelas aves, em particular a garça-real. Ao final da tarde também conseguimos ver muitas nos bancos de areia e nas dunas na margem da praia das Furnas.
No lado contrário, na zona do cais, António Francisco diz para se estar atento aos restos de chocos. São vestígios da presença noturna de lontras. “Todos os dias encontra aqui e no outro cais sinais de que elas estiveram a comer chocos e polvo que capturaram. São muitas lontras. Ainda bem que a água é limpa.”
O passeio de barco pode ser complementado com um percurso a pé em Odemira e na ponte pedestre sobre o Mira. De manhã encontra famílias com dezenas de patos. Nas ruas de Vila Nova de Mil Fontes o ambiente muda significativamente no verão.
Aliás, a agitação no rio com os barcos é semelhante. Diz António Francisco que “o rio Mira é bonito em Abril, Maio e Junho. Depois em Setembro e Outubro. Em Agosto anda por aqui gente esgazeada”.
Descobrir de barco o estuário do Rio Mira faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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