Os passeios de barco na baía de Setúbal constituem uma das formas mais interessantes de descoberta de uma parte significativa da Reserva do Estuário do Sado.
O património natural é muito rico e trata-se de um ecossistema relevante e sensível e por isso mesmo foi classificado de modo a salvaguardar a sua diversidade.
Na Primavera e Verão é uma área abundante de peixe em que o estuário funciona como um viveiro. Outra relevância tem a ver com o abrigo de aves aquáticas. No entanto, são os golfinhos as estrelas do estuário.
Muitas vezes conseguem-se ver dos barcos regulares de transporte de passageiros entre Setúbal e Troia. Há também companhias que fazem diariamente passeios no estuário e o grande objetivo é a observação de golfinhos.
Tomás Ferreira é o mestre de uma dessas embarcações e garante que em mais de 90% dos dias conseguem avistar os golfinhos. Não garantem sempre porque “os golfinhos estão no seu habitat natural, selvagem e sem qualquer controlo humano mas, de qualquer forma a nossa percentagem ronda os 95%.”
Se for ver os golfinhos este ano o grau de probabilidade de ter sucesso é maior porque eu não tive essa sorte e por isso socorro-me do Tomás Ferreira para descrever a reação das pessoas: “a principal reação é de espanto.
Os golfinhos são maiores do que as pessoas esperam e muitas vezes aproximam-se do barco e interagem com brincadeiras. Por outro lado, os golfinhos estão no seu habitat natural e o modo como se comportam gera ainda mais espanto e curiosidade por parte das pessoas.”
Calcula-se que no estuário residam cerca de 25 roazes corvineiros. Vulgarmente são chamados de Golfinhos do Sado.
Andam muito pelo chamado Canal Sul, próximo de Troia onde se refugiam muitos peixes e as águas estão menos poluídas.
É um privilégio para a baía de Setúbal ter esta família de golfinhos porque “na Europa há apenas três baías urbanas com golfinhos residentes”.
Devido ao envelhecimento da comunidade de golfinhos do Sado (a esperança de vida vai até aos 15 anos) a tendência é para a diminuição do número de membros. Eles são identificados com fotografias das barbatanas dorsais. Todos têm sinais diferentes na barbatana que, deste modo, funciona como a impressão digital de cada um deles. Esta identificação é feita pouco depois do nascimento e permite o acompanhamento em toda a sua vida.
Os golfinhos são sociáveis, chegam a fazer salto sincronizado e são maiores do que outras espécies que por vezes se aproximam da costa.
Para além dos golfinhos o passeio de barco pode também permitir ver uma quantidade assinalável de aves. Muitas vão para os bancos de areia que emergem na baixa-mar.
As duas ou três horas de passeio são uma oportunidade para contemplarmos uma grande diversidade de recursos naturais.
“Setubal está entre duas áreas classificadas o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário do Sado e, por outro lado, tem Troia muito perto. É uma envolvência que torna esta zona muito agradável”.Nos dias mais quentes observamos também os banhistas nas praias da Figueirinha ou Galapos protegidas pelas arribas da serra da Arrábida.
Nos dias mais frios ficamos perplexos com os frades Franciscanos que foram construir um convento num sítio tão ermo no meio da serra.
Interessante é também a história e a arquitetura do Forte de Santiago de Outão que remonta ao século XIV e que funcionou como defesa de Setúbal. Já foi muito alterado e ampliado tendo em conta que foi residência real, sanatório e há mais de um século é Hospital Ortopédico.
Passeio de barco no Sado (sem golfinhos!) faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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