Os bairros da Mina da Panasqueira são uma janela no tempo que nos transporta para várias épocas e para uma grande diversidade de sensações, aveludadas ou agrestes.
Os bairros mineiros estão em várias localidades da serra do Açor e a maior concentração é na Barroca Grande. Na Segunda Guerra Mundial chegou a ter 10 mil trabalhadores. Joana Campos, que é presidente da Junta de Freguesia, ainda se lembra das casas todas ocupadas. “Eu ainda sou do tempo do bairro estar completamente habitado. Agora temos cerca de 400 habitantes mas no passado foi muito mais.”
O bairro foi construído pela empresa mineira e Rogério Gonçalves viveu lá cerca de ano e meio. Ele relata que “os mineiros faziam um requerimento e a companhia dava a casa para habitação. Não se pagava nada.”
O bairro está alinhado como se estivesse em socalcos.
Desce a encosta da serra até à boca da mina em filas de prédios de dois pisos. Bloco a bloco e cada um tem cada um tem 7 ou 8 casas.
O que mudou muito foi o ambiente. Agora a maior parte das casas estão vazias. Há ruas que nunca recuperaram das sucessivas crises da indústria extrativa do volfrâmio. Havia muito mais gente. Neste momento há uma escola com uma dúzia de alunos e quando Joana andou a frequentou eram cerca de 500 alunos. Além disso, o ambiente era muito diferente. “Havia mais união entre as pessoas. Era uma verdadeira família”.
Outra diferença é nas estruturas de apoio. Um exemplo é o Hospital da Barroca Grande onde Joana Campos nasceu. “Era o melhor hospital no distrito de Castelo Branco. Tinha todas as valências. Neste momento não há hospital e o edifício foi cedido à Misericórdia do Fundão que tem a funcionar um centro de idoso e emprega cerca de 40 pessoas”.
Conforme ela própria afirma a mina não é eterna e Joana Campos está fortemente empenhada no turismo. Mas terá de resolver um problema que resultou da crise de 2004.
Quando a mina encerrou no início da década anterior “algumas casas foram vendidas ao desbarato. Algumas pela internet. Outros nem sequer fizeram a escritura, há apenas o contrato promessa de compra e venda”. Muitos dos compradores nunca foram à Barroca Grande e é elevado o número de casas abandonadas. Joana Campos faz mesmo um apelo para que as autoridades assumam maior protagonismo na resolução deste problema que cria uma imagem degradante da aldeia.
Os jovens que foram trabalhar para a mina nos últimos anos estão a dar nova vida aos cafés, restaurantes, farmácia e também a algumas habitações mas muitas são casas fantasma.
A aposta no turismo, com o Museu Mineiro na Barroca Grande, com o impressionante património mineiro, físico e cultural, e com gente que gosta de explorar esta zona da serra do Açor algumas das habitações estão a dar lugar a projectos turísticos.
As Minas da Panasqueira ficam a cerca de 50km da Covilhã e podem ser integradas num roteiro por várias e bonitas aldeias de xisto nas serras do Açor e da Estrela.
Bairros mineiros da Panasqueira faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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