São as vinhas que resistem à ira do vento temperado com o sal do mar.
vSão as vinhas que brotam da terra agreste, com poucos dias de sol e coberta de pedras de basalto e grandes superfícies de lava espalhada pelos terrenos.
Apesar de todas as adversidades, a que se juntava a pobreza, as tempestades e a fúria vulcânica, os povoadores logo a partir do século XV conseguiram plantar vinha em quase toda a ilha do Pico.
Como nos disse Mónica Silva Goulart, arquitecta e colaboradora do Parque Natural na área da Paisagem da Cultura da Vinha, tudo foi feito numa lógica funcional, muito pragmática, simples e eficaz. “A ilha estava repleta de pedras basálticas e blocos de lava espalhada pelos terrenos.
Nas fendas das lages abriram buracos maiores deitaram terra e os bacelos das videiras cresceram. Rapidamente espalharam a cultura da vinha por toda a ilha.”
Como existiam muitas pedras fizeram os muros. “Não só limparam os terrenos como protegeram a vinha dos ventos e do sal do mar e delimitavam as propriedades.”
Foi deste modo que surgiram vastas áreas transformadas pelo homem com linhas pretas paralelas ao mar. Em alguns casos fizeram outras linhas perpendiculares para uma maior protecção da vinha. São os chamados currais, pequenos espaços rectangulares, muito pequenos e que por vezes ficam exclusivamente ocupados por meia dúzia de videiras. O que produz um efeito visual muito bonito nas várias estações do ano.
“Há alturas e que é muito bonito ver o contraste dos muros com o verde das folhas das videiras”. Noutras estações do ano o espaço fica repleto de videiras e o interior quase que não tem espaços de luz. “Há variações muito bonitas na paisagem.”
É esta paisagem construída ao longo de séculos que foi classificada pela UNESCO como Património Mundial em 20014. A área classificada e de protecção é de 987 hectares junto à costa, numa parte da ilha.
No entanto, é possível encontrar as vinhas em muitos outros lugares da ilha do Pico, como também os poços de maré para recolha de água, as adegas e outras construções rústicas tipicamente picarotas.
Para visitar a área classificada o melhor é começar pelo Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha no Lagido de Santa Luísa. Depois, é escolher um dos três percursos pedestres que estão sinalizados.
Por último, falta o vinho produzido na ilha do Pico. Mónica Goulart diz que está provada a qualidade dos vinhos brancos e atesta-o os resultados e as medalhas alcançadas em concursos nacionais e internacionais.
O vinho típico da ilha, o vinho Verdelho do Pico, é licoroso e é produzido a partir de castas brancas.
Os responsáveis do Parque Natural acreditam que com a classificação pela UNESCO e as medidas de protecção da vinha tem melhorado a qualidade do vinho.
Paisagem da vinha no Pico que é Património Mundial faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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