A Pena é a maior das aldeias de xisto desta zona da serra da Lousã.
Uma habitante, com um sorriso, disse-nos que a aldeia ainda tem três jovens que vão para a escola. Outras há nesta região que não têm um único estudante.
No entanto, antes da emigração para França, havia muitos mais e tinham de ir a pé até Cerdeira. Não havia estrada, muito menos transporte público.
Segundo a mesma habitante, o isolamento foi o principal fator que levou à saída de muita gente.
De facto, Pena está rodeada de serra, de encostas muito altas, vegetação densa e com muitos castanheiros. Num dos lados, relativamente próximo, avistam-se escarpas rochosas que no cume têm os singulares Penedos de Góis, a mais de mil metros de altitude.
É aqui que fica um deles, o Penedo Abelha.
É ponto de interesse natural e geológico e tem este nome por, habitualmente, haver colmeias de abelhas. Um outro nome que as gentes locais lhe podiam ter dado era penedo leão porque tem algumas parecenças.
Uma das formas de aceder e escalar o penedo é através de um trilho entre a Pena e Povorais, a aldeia a maior altitude (850 metros) nesta parte da serra da Lousã.
O ponto de partida do percurso é na estrada, um pouco depois da ponte, e o grau de dificuldade não é muito elevado, em condições meteorológicas não adversas.
Os adeptos de Geocaching têm várias caches na Pena.
O isolamento, ainda no presente, regista-se pelo facto de Pena ser uma das quatro aldeias de xisto do concelho de Góis (as outras são Comareira, Aigra Nova e Aigra Velha) e todas elas estarem ligadas por estrada alcatroada.
No caso da Pena, para se fazer a ligação de Aigra Velha, tem de se andar três a quatro quilómetros por um caminho florestal. Um troço mais adequado para o Rally de Portugal quando passava na Lousã.
Uma alternativa ao transporte motorizado é o percurso pedestre que liga as quatro aldeias.
O melhor acesso rodoviário é pelo Esporão. A estrada é alcatroada e termina na ponte da ribeira da Pena, à entrada da localidade.
A nascente da ribeira não está distante, a água é límpida e fresca e, uns metros à frente, pequenos desníveis são o suficiente para anunciar o percurso de água.
No calor do verão cativa os veraneantes para um banho. Num ambiente completamente natural. Há também moinhos de água.
Um pouco antes da ponte temos uma visão de conjunto de Pena. Do casario a estender-se encosta acima, todo alinhado e com os tons escuros do xisto.
Em termos gerais, os habitantes da aldeia tiveram cuidado na preservação das casas. Não são frequentes os casos de arrepiar a vista. Pelo contrário. Vasos nas escadas do balcão da Casa da Cerejinha (alojamento local) e roseiras dão colorido à rua.
Logo no início da rua da Cerejinha, passamos por debaixo da casa e em frente temos uma perspetiva interessante: a ladeira, com as casas alinhadas e um espaço, numa casa tradicional, que serve cafés e vende produtos tradicionais, licores e compotas caseiras.
Mais acima, está o chafariz, decorado com vasos de flores e rodeado de xisto com vários tons de castanho.
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Quando olhamos para o outro lado do vale onde passa a ribeira, o cenário de fundo é a encosta de rochedos, as pedras a galgar a serra até ao alto.
Tudo rude, tudo natural, tudo genuíno. Sem hordas de turistas.
O que é uma pena, para os cães que, habitualmente, vão esperar os visitantes e farejam guloseimas. Dois cães grandes, amarelos, ficaram satisfeitos com algumas bolachas.
A Pena do Penedo Abelha faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.