O topo da serra de Montejunto exerceu um grande fascínio junto das comunidades religiosas e ainda hoje é lugar de fé com duas romarias. Uma delas é das mais conhecidas, à Capela da Nossa Senhora das Neves.
A capela fica próximo do topo da serra, a 600 metros de altitude. Não há certezas quanto à data de construção mas deverá ser do inicio do século XIII.
Carlos Ribeiro, gestor da estrutura municipal na Serra de Montejunto acrescenta que há várias romarias mas a principal é a 5 de Agosto.
“É uma das maiores romarias na região Oeste e muita gente sobe a serra por devoção à Senhora das Neves.”
Junto à capela há um miradouro que justifica a fama de Montejunto como a “Varanda da Estremadura”. A vista alcança uma área enorme.
A construção de pedra calcária tem um ar simples e fria e partilha o cenário com antenas e uma estação de radares da Força Aérea.
A capela tem uma imagem da Senhora das Neves que é do século XVI e azulejos sobre os dominicanos que construíram, mesmo ao lado, o primeiro convento em Portugal.
O que resta do edificio é também em pedra calcária e a origem é do século XIII. Está em ruína e esta construção data do século XVIII. Constitui uma imagem invulgar.
Paredes grossas de pedra reluzente, misturadas com tijolos revelam a vida dos dominicanos. O convento tinha dois pisos. Algumas partes ainda estão cobertas e as plantas que invadiram a cobertura formam pequenos jardins e ajudam a manter a estrutura.
O brilho do calcário dá vida às paredes que depois caiem na penumbra com o vazio escuro das paredes.
Podemos caminhar no interior das ruínas e só há o som do vento, luz e entre as brechas das paredes, o verde da serra de Montejunto.
Em frente das ruínas vemos ainda a Calçada dos Frades. Um longo e íngreme caminho. Foi utilizado pelos romeiros antes da construção da estrada. Muito antes andaram por aqui animais de carga e carroças com os materiais para a reconstrução do convento e da capela. É mais ou menos nesta altura, em 1760 que os dominicanos regressam à serra para tentar construir outro convento do qual se vê apenas uma enorme parede.
O Marquês de Pombal impediu a conclusão do convento. Suspeitava dos dominicanos que estariam envolvidos na chamada Conspiração da Reforma de Montejunto.
Face à situação hostil que na altura viviam os dominicanos tentaram promover uma reforma e o ponto central seria em Montejunto mas nem assim o Marquês lhes deu essa oportunidade.
A construção religiosa que está mais alta, a 611 metros de altitude, é a Ermida de S. João Batista. É a mais discreta, talvez, porque parte das paredes exteriores estão caiadas de branco. Também tem uma romaria, é no dia de S. João, 24 de Junho..
A populaçao de Cabanas de Torres vem prestar a sua devoção a S. João Batista.
Na visita ao património religioso no alto da Serra de Montejunto não deixe de ver o património natural e a Real Fábrica de Gelo.
O frio e o vento de fé no alto de Montejunto faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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