Martim Branco é uma pequena aldeia que fica próximo de Almaceda, no concelho de Castelo Branco. Tem pouco mais de duas dezenas de habitantes.
A construção tradicional das casas de xisto, concentra-se na Rua da Bica. São cerca de uma dezena de habitações e palheiros.
As casas tradicionais são de xisto misturado com seixos e no interior as divisões são feitas com paredes de taipa, ripas de madeira com enchimento de barro e palha.
Um exemplo é a casa de dois pisos do povo de Martim Branco e Loja da Rede das Aldeias de Xisto. Foi onde conversámos com Rafael Lourenço e mais dois amigos. A estrutura de taipa mantém um ambiente agradável no interior. As ripas, o barro e a palha funcionam como isolante térmico.
Dizem-me que na aldeia há ainda a “casa da avó” que só tem ripas.
Rafael e os dois amigos estavam na conversa num fim de semana. É quando se encontram. É quando “se tem uma vida boa em Martim Branco”, ou seguindo as palavras de Rafael Lourenço, “a vida é boa desde que se vá ganhar a outro lado e gastar aqui. Antigamente era diferente, muita gente trabalhava aqui.”
O antigamente a que Rafael Lourenço se refere não é há muito tempo e permitia viverem e trabalharem na aldeia. A agricultura dava algum rendimento com a azeitona. Tinham ainda o aproveitamento da resina. “Agora é tudo muito diferente e a mão de obra está muito cara e não compensa”.
Rafael Lourenço acrescenta que há cada vez menos gente e a maioria tem de ir trabalhar fora da aldeia. Ele chegou a Martim Branco há 30 anos, quando se casou. Na altura a aldeia tinha cerca de 80 habitantes.
Agora tem 22 e muitos só estão aqui no fim de semana porque durante a semana ficam em Castelo Branco onde trabalham. A sede de concelho dista a 25 km. A vida ficou mais distante e urbana mas há tradições que se mantêm como cozer o pão.
Quase todas as famílias têm o seu próprio forno. A farinha é de trigo. Ainda há quem faça pão de centeio como antigamente mas é raro.
A vida na aldeia é muito pacata e a proximidade com a ribeira de Almaceda acrescenta uma vivência bucólica. A ribeira passa mesmo ao lado da Rua da Bica. Há alguns espaços verdes e um açude que dá para refrescar durante o verão.
A ribeira também serve de companhia para um dos percursos pedestres. É a rota da Almaceda. Tem uma extensão de cerca de uma dezena de quilómetros e vai até à sede de freguesia por um caminho de serra, sempre ao lado da ribeira. Parte do percurso na levada tem de ser feita em fila indiana. Rafael e os amigos recomendam fazer o trilho na Primavera ou no Outono, fora do calor do Verão.
Que boa vida era a de Martim Branco faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Roteiro pelas Aldeias de Xisto
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