O Mosteiro de Santa Maria de Arouca foi durante sete séculos da Ordem de Cister e exclusivamente feminino. Mesmo em frente do edifício, do outro lado da rua, encontramos o legado doce do Mosteiro, na Casa dos Doces Conventuais de Arouca. site_arouca_conventual_DSCF2678Comercializamos de momento sete doces conventuais. O pão de S. Bernardo, morcelas doces, castanhas doces, roscas de amêndoa, charuto de amêndoa, manjar de língua e as barrigas de freira” refere Jorge Bastos.
site_arouca_conventual_DSCF2672Ele é a última geração da família que tomou conta do negócio. “Este negócio familiar tem a particularidade de nunca ter sofrido qualquer interrupção. Desde a última freira até ao momento o processo foi permanente. Isto, a meu ver, é o grande valor desta doçaria”.
site_arouca_conventual_6079A história é comum à de outros mosteiros e conventos, após a declaração da extinção das ordens religiosas em 1835. O declínio e o fechar de portas dos conventos permitiu dar a conhecer os segredos e um deles era a doçaria. Os testemunhos foram transmitidos pelas últimas freiras a familiares ou amigos.

Ana Almeida, criada e afilhada de uma das freiras e que esteve na origem da dopçaria conventual
Ana Almeida, criada e afilhada de uma das freiras e que esteve na origem da dopçaria conventual

No caso de Arouca foi uma criada e afilhada de uma das freiras. Está retratada no corredor da Casa dos Doces. É uma das quatro fotografias e que “correspondem a duas gerações. A afilhada das últimas freiras, que é tia avó do meu pai. Ela depois teve a ajuda de uma das filhas e duas sobrinhas afilhadas. Uma delas é a minha avó.”

Jorge Bastos e as fotos dos fundadores
Jorge Bastos e as fotos dos fundadores

Como a produção nunca foi suspensa, Jorge Bastos garante que preservam o legado conventual – “a produção é literalmente a mesma e muito artesanal. Costumo dizer que este tipo de doçaria tem um grande valor por isso mesmo, pelas técnicas de produção que lhes conferem uma textura bastante distinta em relação a outros produtos.”
site_arouca_conventualDSCF2668A principal alteração tem a ver com o ponto de venda que recentemente passou a ser mesmo em frente do Mosteiro. Foi apenas há 4 anos quando da passagem do negócio do pai para Jorge Bastos. No tempo da avó a doçaria era confecionada em casa. “A minha avó vendia à porta de casa. Isto era muito comum neste tipo de negócio.”
site_arouca_conventual_6075Para manter a coesão um dos antepassados contou parte do segredo a uma sobrinha e o restante a outra. Isto ajudou a que ainda hoje sejam os únicos detentores do segredo em Arouca.
site_arouca_conventual_6077Apesar de cada local onde se reivindica o legado da doçaria conventual afirmar que preserva o segredo, encontramos em várias partes do país os doces com o mesmo nome. Jorge Bastos diz que essa é a única semelhança. site_arouca_conventual_DSCF2669A doçaria é muito diferente. Distingue-se muito em termos produtivos, até pela necessidade de conservação. Em regiões mais quentes, por exemplo no Algarve, a predominância é do açúcar para conservar, “o ovo precisa dessa proteção”. Depois, cada zona tem a sua doçaria. Em alguns sítios a castanha doce não tem castanha é à base de ovo. O mesmo se passa com a barrigas de freiras com ingredientes que variam de região para região.
site_arouca_conventual_DSCF2671Casa dos Doces Conventuais de Arouca faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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