A proposta é de um passeio às Linhas de Torres. Não vamos ser os primeiros. O exército de Napoleão, ficou surpreendido e o general Massena andou um mês a estudar a forma como podia ultrapassar a linha defensiva. Voltou para trás, fez 210 anos a 5 de Março.
Deparou-se com uma barreira que o levou a refletir sobre o modo como a ultrapassar e concluiu que os objetivos seriam difíceis de atingir devido “às terríveis Linhas sobre cuja solidez não nos podemos iludir.”
As Linhas de Torres Vedras são um sistema defensivo concebido em 1809 para defender Lisboa do que ficou conhecida como a Terceira Invasão Francesa.
Na descrição de Paulo Ferreira, guia no município de Torres Vedras, e um conhecedor apaixonado das Linhas de Torres, “até então, nunca se tinha feito nada igual na história militar com esta extensão.
As linhas de Torres Vedras partem do Tejo até ao Atlântico e em 1812, quando parou a construção dos fortes, estavam construídos 152 fortes. Dois anos antes, em 1810, quando o exército francês chegou perante as Linhas, estavam construídos 126.
Os fortes são, na sua maioria, construções simples, em terra, porque o perigo maior era a artilharia e a terra é o material que melhor absorve o impacto da artilharia.”
Não admira, deste modo, que o exército de Napoleão ficasse surpreendido. Os militares franceses entraram por Almeida, tiveram a Batalha do Bussaco e em Outubro de 1810 pararam em frente das Linhas de Torres. Acrescenta Paulo Ferreira que Massena “permaneceu um mês em frente às Linhas, mais numa postura de estudo da estrutura e de medição de forças até que percebeu que já não tinha exército com força suficiente para fazer um assalto frontal às Linhas.
Não tinha apoio marítimo porque a França tinha uma frota muito reduzida, especialmente depois da Batalha de Trafalgar e, ao fim de cerca de um mês, retirou para Santarém”.
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Ao fim de alguns meses, concluiu que não pode contar com reforços “e está numa posição muito enfraquecida em Portugal. Faz, então, a retirada por Almeida.” No inicio de Abril quase todo o exercito de Napoleão já se encontrava em Espanha.
As Linhas de Torres, genericamente, mantêm-se de pé e estão dispersas por seis concelhos.
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Loures, Mafra, Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. Os seis municípios constituíram, entretanto, a Rota Histórica das Linhas de Torres que estão classificadas como Património Nacional.
Na opinião de Paulo Ferreira, a estrutura está bem preservada. “Curiosamente, poucos fortes foram destruídos desde então. As estruturas estão bem preservadas porque, na maior parte dos casos, estão debaixo de mato e estão “tranquilas” ali.”
Além da proteção “natural”, “nestes últimos anos, a Rota Histórica e as autarquias que compõem a organização têm feito um grande esforço na preservação e nos estudos destas fortificações. Em todos os concelhos há vários fortes recuperados e visitáveis. O Forte de S. Vicente, em Torres Vedras, e o Forte do Alqueidão, no Sobral de Monte Agraço, são os dois maiores fortes das Linhas, os que levavam uma maior guarnição e um maior número de canhões”.
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Atualmente, o Forte do Alqueidão é de todos os que deverá estar mais bem preservado e o que terá o aspecto mais parecido com o original de 1809.
Estas são as estruturas mais avançadas mas há igualmente mais fortes que desepenharam um papel relevante e que estão em bom estado de conservação. “É o caso da terceira linha e que normalmente não é referida. A Fortaleza de S. Julião da Barra em Oeiras. Era o ponto por onde o exército inglês recebia mantimentos que depois distribuía às Linhas. Era também o ponto estabelecido para a retirada do exército inglês caso as coisas corressem mal.” Não foi preciso.
Um dos pontos de partida para uma visita é o Centro Interpretativo das Linhas de Torres, (CILT), em Sobral de Monte Agraço . Estão em exposição vários conteúdos sobre as Invasões francesas, a construção dos fortes, sistema de comunicação, fardamento e armas. Há ainda material multimédia que situa o visitante na época histórica que antecede a Guerra Peninsular. O CILT está no centro histórico de Sobral de Monte Agraço, lugar onde decorreu um dos confrontos no decorrer das Invasões, o combate de Sobral.
Quem queira fazer uma visita guiada é aqui que se deve dirigir. O percurso pedestres passa por quatro fortes na serra do Olmeiro: Alqueidão, Machado, Novo e Simplicio. O Forte do Alqueidão. Foi a maior construção das Linhas de Torres, com cinco paióis que abasteciam 27 canhoeiras.
Está a 439 metros de altitude e é o ponto mais alto das Linhas de Torres. A vista alcança várias serras e um dos melhores locais para se ter uma perspetiva de conjunto é uma estrutura com um marco geodésico que foi construída no topo do forte.
Há também uma estrada militar que sobe a encosta até ao forte.
Igualmente interessante de visitar é o Forte de S. Vicente em Torres Vedras.
Temos a vista da cidade e entre construções de areia e um fosso enorme podemos andar por uma área ainda considerável. Há também um centro interpretativo.
As Linhas de Torres que fizeram xeque-mate a Massena faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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