A torre de Centum Cellas é tão bela como enigmática.
Os seus 12 metros de altura, toda de pedra e com enormes aberturas nas quatro paredes fazem dela uma construção única na Península Ibérica.
Sobressai pela altura e também pela sua fisionomia. Parece uma construção fantasma que se agiganta com pedras viradas para o céu, mas ao mesmo tempo é frágil e desengonçada, com muitas pedras desalinhadas.
Se algum dia teve uma função defensiva perdeu de todo essa natureza porque surge indefesa em relação ao vento e à luz.
A torre de Centum Cellas fica próximo de Belmonte e Caria, num vale próximo da junção de uma ribeira com o rio Zêzere e no passado teve uma exploração mineira de estanho.
O proprietário da Centum Cellas terá sido um romano endinheirado, negociante de estanho e estima-se que casa foi construída no séc. I. As escavações arqueológicas realizadas há duas décadas revelaram que não era uma casa qualquer. A “villa” tinha muitas construções.
Quando nos aproximamos da torre percebe-se pelas ruínas a forma de algumas destas edificações e como estavam próximas de Centum Cellas que, na altura, teria dois pisos.
Nas escavações foram encontradas alguns objetos, designadamente moedas e que evidenciam que haveria aqui um entreposto comercial de uma via romana. A paragem seguinte seria Caria, em frente da Casa da Torre onde agora funciona o Centro de Estudos arqueológicos e estão em exposição as moedas de Centum Cellas.
O enigma é ainda maior porque a torre foi incendiada dois séculos depois de ser construída. Mais tarde fizeram algumas alterações.
Acrescentaram um piso e algumas pedras foram aproveitadas para uma capela que, entretanto, desapareceu no séc. XVIII. A capela era dedicada a São Cornélio porque havia uma lenda que o santo esteve aqui encarcerado, entre cem celas, explicação para o nome Centum Cellas.
Não passa de uma lenda como de muitas outras histórias para explicar a origem da torre. Vão desde os Incas às construções nas rochas dos Nabateus. Há ainda um trabalho mais aprofundado, A geometria de Centum Cellas do arquitecto Manuel João Calais que refere a torre como sendo de inspiração grega ou egípcia.
As escavações permitem esclarecer e datar a sua construção mas continua o enigma sobre a sua função. Um mistério que a torna ainda mais bela e motivo de fascínio para os amantes da fotografia.
A Centum Cellas fica à entrada de Colmeal da Torre.
A bela e enigmática Centum Cellas faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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