A nascente é um ténue fio de água que corre a partir das rochas. Deixa um rasto de humidade entre plantas rasteiras e pedras soltas e a água depois desaparece.
O sinal é dado por um conjunto de pedras sobrepostas e alguém instituiu que é ali a nascente do Côa. Escrito nas pedras e num painel informativo. Assim será.
Estamos a 1775 metros de altitude. A humidade e a área muito arborizada propiciam a proliferação de borboletas que têm uma presença permanente.
Ao lado da nascente estão blocos de granito, na forma de cubos e que dão o nome ao lugar, Serra das Mesas, mas que, na verdade, é uma extensão da serra da Malcata.
O aceso à nascente do rio Côa é um curto percurso a pé e a caminhada é fácil e agradável de fazer. A exceção talvez seja no Inverno devido ao frio intenso. Percebe-se, porque a povoação espanhola vizinha tem o nome de Navas Frias.
No outro lado, na parte portuguesa, a povoação mais próxima é Fóios. Consegue-se ver da nascente do rio, como também Vale de Espinho e o planalto até Sabugal, o percurso que o Côa vai fazer. É dos poucos rios que segue para Norte.
É na entrada de Fóios que se volta a ver o rio e que ajuda a criar uma pequena piscina fluvial. O rio Côa em Fóios ainda é uma criança.
Vai ganhando força e caudal com outros afluentes e é a comporta fechada que permite a criação da piscina natural.
É pequena a ponte que permite a passagem entre as duas margens do rio. No entanto, no passado, no tempo do contrabando, não era fácil passar em particular se as pessoas levavam sacos.
O rio Côa funcionava como fronteira apesar de a divisória real ficar a uns quilómetros de distância.
Diz José Maria, que me foi apresentado como um dos maiores contrabandistas em Fóios, que “fui criado no lado de lá do rio. De certa forma, os que viviam do lado de lá não eram portugueses porque se levássemos um saco com mais de 2 k de açúcar ou café os guardas mandavam-nos entregar aqui no quartel. O que nos obrigava a fazer várias viagens por dia. Os meus pais e os quatro filhos, cada um transportava um quilo.”
Com a abolição das fronteiras surgiram mais visitantes de um lado e doutro da fronteira e um dos motivos é a nascente do rio Côa.
Ao acompanharmos o percurso até Sabugal verificamos com facilidade o modo como vai ganhando força, a dimensão que por vezes atinge na barragem de Sabugal, o aproveitamento agrícola em redor das margens e, de novo a servir de recreio na sede de concelho.
Alguns quilómetros depois, ainda no concelho de Sabugal recebe as águas minerais que estão na origem das bonitas e famosas Termas de Cró.
O rio Coa, até desaguar no rio Douro, próximo de Vila Nova de Foz Coa, percorre 135 km quase sempre por áreas naturais, praticamente selvagens – a reserva da Faia Brava é um exemplo- , o que preserva a pureza da água.
17km antes da foz o Côa notabiliza-se ainda por fazer parte do Património Mundial classificado pela UNESCO devido aos vários núcleos de gravuras rupestres.
Pode fazer uma visita a partir do Museu em Vila Nova de Foz Côa ou em outros locais como Penascosa e até visitas nocturnas.
Rio Côa – a pureza da nascente ao Património Mundial faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Ver:
Roteiro pelo concelho de Sabugal
Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo
Concelho de Vila Nova de Foz Côa
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:
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