É uma surpresa. Quem segue de carro, por exemplo da Aldeia das Dez para o Piódão, na serra do Açor, é surpreendido com o enorme santuário de Nossa Senhora das Preces. É no lugar de Vale de Maceira, no concelho de Oliveira do Hospital.
A estrada atravessa um portão e de seguida temos à nossa frente a igreja e um largo com um coreto e um monumental chafariz de pedra.

Todo o trabalho em cantaria é delicado e o chafariz está após o primeiro lance de escadas. A  escadaria leva-nos para um pequeno jardim que dá acesso às capelas da Via-Sacra.
A igreja, chafariz, pequenos lagos, tudo é construído em pedra.
A Fundação Gulbenkian deu uma ajuda para a recuperação do jardim que foi devastado por um incêncio. O jardim tem vários lagos ao longo da encosta. Estão registadas mais de 30 espécies de árvores, algumas da região, outras exóticas.

Há muitos outros espaços verdes, alguns ajardinados, outros com árvores muito altas, como por exemplo uma Tuia Gigante.
O Santuário tem ao todo 20 hectares e está divido por dois lugares muito distintos, embora relativamente próximos e nas comemorações religiosas há quem percorra o caminho a pé.
A outra parte do santuário (10 hectares)  fica no alto do Monte do Colcurinho, uma dos lugares de maior altitude da serra do Açor, com uma vista magnifica a partir da igreja. No interior do templo está a a imagem de Nossa Senhora das Necessidades.

Foi onde se iniciou a história do santuário, no século XIV, como nos conta Basilio Martins: “narra a lenda que no alto do Colcurinho, no ano de 1371, aparece uma imagem de Nossa Senhora das Preces.  Essa imagem foi depois deslocada para a igreja da Aldeia das Dez. Mais tarde trouxeram-na para a capela de Vale de Maceira. É uma capela que está dentro da igreja. Posteriormente puseram a Nossa Senhora das Necessidades no Monte do Colcurinho.”

A imagem de Nossa Senhora das Preces está num pequeno altar e o Santuário começou a ganhar forma no século XVIII. A romaria tem, assim, alguns séculos de tradição e realiza-se no primeiro domingo de Julho.

Decorre durante o fim de semana e é apelidada de A Grande Romaria das Beiras mas Fátima roubou-lhe o protagonismo. refer ainda Basilio Martins que recebe os vistantes em Vale de Maceira que ” o santuário já foi mais visitado. Antes de Fátima chamavam aqui a Fátima das Beiras. Ali está uma fotografia com dezenas de autocarros nos anos 60″.

Várias fotografias afixadas no muro mostram a devoção de gentes que vinham de várias regiões do interior de Portugal.
O santuário tem ao todo 15 capelas. “A Via Sacra não está bem seguida porque, antigamente, talvez quando da construção tivesse acabado o dinheiro. Nota-se que há mais um ou dois sítios preparados para a construção de mais capelas, mas não acabaram o serviço.”

Cada capela está associada a um tema que no interior é representado por figuras em madeira e em tamanho real.

Uma das que mais se destaca é a Última Ceia que acompanha o caminho da estrada e projeta a vista para uma enorme paisagem – “vê-se todo o planalto beirão. Mangualde, parte de Nelas, Tondela, Campo de Besteiros.”

No Santuário há uma albergaria, foi renovada, e há ainda espaços de lazer que são aproveitados pelos visitantes ao longo do ano. “Muita gente desloca-se para Piódão por este caminho.

Por outro lado, há aqui um parque de merendas e também é muito utilizado. Por vezes há também caravanas.”
Além das romarias da Senhora das Preces e da Senhora das Necessidades, celebra-se na região, com todo o vigor, no dia de S. Martinho a festa da castanha.

Relativamente próximo do Santuário, na antiga aldeia do Colcurinho matam o porco a 17 de Janeiro, em frente da capela de Santo Antão, o único edifício recuperado do pequeno nucleo urbano que foi abandonado.

O surpreendente Santuário da Senhora das Preces – a Fátima das Beiras faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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