É um dos primeiros miradouros que tem vista para o Tejo, ainda fazer de linha de fronteira com Espanha. O ambiente é profundamente natural, marcado por serras, vegetação densa e o rio que marca o contraste de cores na paisagem.
O rio estabelece a fronteira, mas no plano paisagístico não é grande a diferença.
O terreno de xisto está coberto de mato, azinhal e olival. A vegetação cobre as encostas de verde. A outra cor dominante é o azul. Do céu e do Tejo (nem sempre), que corre num vale profundo, estreito e sinuoso. Próximo do miradouro o leito do rio alarga-se e conseguimos ver o cais do lado espanhol e a estrada que sobe a encosta.
Do lado português as encostas são mais íngremes. Gracinda Diogo é malpiqueira, nasceu em Malpica do Tejo, e desde criança tem uma forte relação com o rio. Lembra-se de o atravessar a pé, a caminho de Espanha, antes da construção da barragem de Cedillo, uns quilómetros a jusante. Com a albufeira da barragem a água subiu. Outro sinal é a ruína meio submersa de uma atalaia que funcionava no passado como posto de vigia.
Cada margem do rio tem um cais. Do lado português é o de Malpica que fica a cerca de 5km e o acesso é por um caminho de terra batida. Do outro lado é o cais de Herrera de Alcantara. A localidade espanhola fica no topo da encosta e também tem um miradouro, de Negrales.
Há passeios de barco que descobrem paisagens naturais e protegidas porque fazem parte do Parque Natural do Tejo. Com alguma frequência também se conseguem ver aves de rapina, algumas delas correm o risco de extinção como a cegonha preta e a águia de Bonelli.
São terrenos quase selvagens ou reservados para caça. Abundam veados, javalis, raposas e por vezes conseguem-se ver algumas lontras. Os pescadores apanham muito lagostim e barbos. Este peixe está na origem de um prato muito famoso em Malpica, as Migas de Peixe, e que se podem provar no restaurantes
O rio foi também fonte de rendimento, para quem o conseguia passar e fazer contrabando. “Muito. Houve muita gente que viveu só do contrabando,” lembra Gracinda Diogo.
Agora a rota do contrabando foi substituída por percursos pedestres.
O relacionamento entre as comunidades separadas pelo Tejo sempre foi fraterno e nos últimos anos realizam eventos conjuntos. No Sábado de Carnaval habitantes de Malpica almoçam na tradicional matança do porco oferecida pelos espanhóis em Herrera de Alcantara. No 1º de Maio é ao contrário. Esta é a altura em que a festa em Malpica coincide com a homenagem a José Afonso. que andou por aqui e recolheu cancioneiro local que deu origem a composições como Maria Faia e Jeremias.
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A chegada do Tejo vista do Miradouro de Malpica faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.