O Museu do Vidro, na Marinha Grande, vai ter a partir desta terça-feira um brilho suplementar, cheio de surpresas. Para quem o visita e para quem deu corpo ao Vento.

13 museus da região de Leiria levaram uma peça até igual número de aldeias com população idosa e afastada de meios culturais. A obra ficou em exposição num local de acesso público.
Inspirados em cada uma destas peças, os idosos criaram uma obra que vai ser apresentada no respetivo museu.
A primeira é o Vento, feita pela população de Fetelaria, no concelho de Sobral de Monte Agraço.
A obra inspira-se na Praga, de Alberto Vieira, que pertencente à colecção de arte contemporânea do Museu do Vidro

A Praga “é feita de lâmpadas e colheres, mistura vidro com metal.” Quando foi para Fetelaria “tivemos vários encontros de reflexão. A comunidade, deveria criar algo que os caraterizasse. Eles quiseram construir o Vento. Eles vivem perto de uma serra e é uma zona muito ventosa.”
A narração é de Raquel Gomes que pertence à SAMP, Sociedade Artística Musical dos Pousos, a entidade que realiza esta iniciativa, o Museu na Aldeia.
Raquel Gomes já conhece a peça, descreve-a como “uma obra contemporânea.”

Muitas outras obras irão ser apresentadas nos museus, numa iniciativa que de inicio provocou estranheza, mas “agora estão completamente entregues à causa. Telefonam-nos e perguntam quando é a próxima vez. Estão numa das fases mais interessantes de criação.”

Raquel Gomes já conhece outras peças que estão a ser criadas e manifesta também a sua surpresa.
“Está a ser extraordinário porque estão a surpreender imenso.” O preconceito de se olhar para os idosos agarrados ao passado é anulado com o que revelam nesta iniciativa. “É uma bofetada de luva branca que nos estão a dar e à sociedade. Estão a fazer obras fabulosas, muito contemporâneas, sobre o futuro.
Será uma boa surpresa para os museus e para quem os visitar e ver estas peças que estão a construir.”

Esta vaga de surpresas também incide nos autores das obras. A população vai assistir à inauguração da peça em exposição, mas não sabem o que os espera. “Alguns idosos nunca entraram num museu. Vai ser uma surpresa também para eles porque é uma visita em formato de espetáculo.”

Qualquer pessoa pode assistir e há mais oportunidades porque as outras 12 peças vão estar também em exposição. O Vento é a primeira seguem-se as outras até Maio. Ficam a pertencer ao acervo de cada museu e é o resultado de uma iniciativa que visa criar elos e aproximar os museus da comunidade.

Em meados de Outubro do próximo ano haverá uma exposição conjunta e a apresentação de um documentário. A SAMP está ainda a criar um museu virtual com todas as peças e está a preparar uma exposição itinerante.

Raquel Gomes com o Prémio da Associação Portuguesa de Museologia que distinguiu o Museu na Aldeia

O projeto Museu na Aldeia  já foi distinguido com uma menção honrosa e dois prémios, um deles, o Melhor Projeto de Inovação e Criatividade, da autoria da Associação Portuguesa de Museologia. 

O Museu na Aldeia é uma iniciativa da Rede Cultura 2027 e os museus onde vão estar em exposição as peças são os seguintes:
Casa do Tempo (Castanheira de Pera), Centro de Artes das Caldas da Rainha, Centro de Estudos em Fotografia de Tomar, Museu Abílio de Mattos e Silva (Óbidos), Museu da Arte Popular Portuguesa (Pombal), Museu da Lourinhã, Museu de Aguarela Roque Gameiro (Alcanena), Museu de Leiria, Museu do Vidro da Marinha Grande, Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, Museu Municipal de Alenquer, Museu Raul da Bernarda (Alcobaça) e Rede Museológica do Concelho de Peniche.
O Vento do Museu na Aldeia junta-se ao Vidro da Marinha Grande faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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