A Fábrica Alentejana de Lanifícios aconchega-nos a memória com mantas que fazem parte de vivências com o conforto da lã e o encanto das riscas de várias cores que decoravam o mobiliário familiar.
A visita à fábrica é também o desenrolar de um novelo de imaginação e criatividade com os novos formatos e funções das mantas tradicionais.

A Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz ganha uma nova vitalidade com um projeto que aposta na produção tradicional mas com novo design e a utilização em formatos inovadores que está a ajudar na internacionalização das antigas mantas alentejanas.

Nas palavras de Margarida Adónis “Temos tido muito sucesso em levar a manta do pastor para as camas, das camas para o chão, e agora para os poufs, carteiras, acessórios, bolsas de computador.”
Foi Margarida Adónis, um dos membros do trio que quer dar um novo impulso à fábrica, que nos fez uma visita guiada.

O espaço está aberto a visitação, pretende até desenvolver um núcleo museológico e a visita faz-se quase sempre ao som da queixa. A batida seca que dá voz a cada um dos 12 teares de madeira que produzem apenas padrões geométricos. “são incontornáveis.

Não podemos fazer bolas nem flores. Pegamos nessa riqueza e recriamos novas peças, novos designs com novas utilizações e com novos formatos.”

Nas instalações da fábrica encontramos vários exemplos de objectos com design moderno e o colorido que é uma marca da manta alentejana. “Existem padrões parecidos na manta de Mértola e na manta de Minde.

A nossa fábrica é a única com esta dimensão. Temos 12 teares, todos com tamanhos e padrões diferentes.
As artesãs vão saltando de tear em tear em função das encomendas e das coleções que nós queremos produzir.”

António Carreteiro

É na sala onde estão os teares que é maior o deslumbramento.
Foi aqui que Margarida Adónis nos apresentou António Carreteiro, outro dos proprietários da fábrica, que estava concentrado num tear, entre fios de lã de cor vermelho e cru, a manusear a lançadeira e empurrar a queixa.

Os teares estão todos alinhados, são de madeira, têm tamanhos diferentes e na altura da nossa visita estavam mais três pessoas a trabalhar.
Alguns dos teares têm mais de um século e fazem parte de um relevante acervo histórico.

“Há peças aqui que têm mais de 100 anos, talvez 150. Há igualmente teares com mais de 100 anos”. Os tecidos antigos “que a lã continua a ser uma matéria prima muito durável e com uma riqueza histórica incrível.”

Podemos constatar essa durabilidade nas mantas antigas que estão em exposição num outro espaço e que reúne o legado da tradição da lã marino portuguesa. De certa forma, é também um dos legados de Reguengos de Monsaraz e muito em particular da Fábrica Alentejana de Lanifícios cuja origem remonta a 1915.

Há o propósito de musealizar este espaço. “Já temos muito visitantes. Há pedaços de história que queremos estruturar e dar este espaço ao publico de uma forma mais arrumada. Fazer disto um centro de história viva”.
Materiais antigos a partilharem o espaço com “tecedeiras a fazer o seu trabalho e a perpetuar o nosso património de Reguengos.”

O projecto ambiciona integrar o museu na rede de turismo industrial.

Foi também com este objectivo, de salvaguarda do património cultural que Margaria Adónis, António Carreteiro e Luís Peixe decidiram investir na fábrica que nos últimos 40 anos foi gerida por uma holandesa, Mizette Nielsen e que, por sua vez, já tinha modernizado o design das mantas.

A Fábrica Alentejana de Lanifícios que dá mais cor às mantas alentejanas
faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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