O teatro Bernardim Ribeiro de Estremoz comemorou um século de vida, continua a ser a principal sala de espetáculos da cidade e é deslumbrante.

Diz Hugo Guerreiro, chefe de Divisão de Cultura da Câmara de Estremoz, que “é uma pérola desconhecida do teatro e que deixa deslumbrado quem nos visita e os artistas também.”

Na verdade, é surpreendente o fascínio que provoca o teatro Bernardim Ribeiro em quem entra na sala pela primeira vez e a surpresa é ainda maior porque “não se está à espera de encontrar numa pequena cidade do interior uma joia arquitetónica como esta.
Os artistas também se admiram de a sala ter uma acústica tão perfeita.”

O teatro não é muito grande. Tem lotação de 800 lugares, distribuídos por três pisos. O que mais impressiona é o detalhe, o cuidado decorativo.
Pinturas a óleo de figuras relevantes do teatro dividem os camarotes. Do mesmo autor, o pintor Benvindo Ceia, vemos uma pintura enorme, o Triunfo, que reveste o teto.

Muitos efeitos decorativos, florões, grinaldas e máscaras em estuque e dourados concorrem na vivacidade de cores com as cadeiras vermelhas da plateia e do primeiro balcão.

O foyer do balcão revela também o cuidado e o gosto das primeiras décadas do século passado.
Ao lado, num canto, vemos uma antiga máquina de projeção de filmes fabricada na Suécia.

Todos estes elementos remetem-nos para a história e a arquitetura do edifício que, apesar de reformulações e de um incêndio, preserva a matriz original. “Está praticamente como foi deixada por Ernesto da Maia, um arquiteto de Lisboa que projectou também, depois da implantação da República, uma escola primária em Veiros.

Houve algumas adaptações para uma sala de teatro, mas em termos de desenho mantém-se mais ou menos na mesma.”

O teatro continua em actividade. Teve uma programação especial para assinalar o centenário e habitualmente é muito diversa. Acrescenta Luis Parente, um dos programadores que há “uma companhia “residente”, o Colectivo Cultura Alentejo.

Produzem criações próprias e desenvolvem atividades com os mais novos na altura das férias. No âmbito de uma programação diversa temos ainda a revista à portuguesa, feita por senhoras com alguma idade, e com sessões que chegam a esgotar a sala cinco vezes.”

Além dos espetáculos, o teatro Bernardim Ribeiro tem uma sala de exposições e está aberto para visitas. “Como temos as exposições temporárias o teatro está sempre aberto. É só pedir aos nossos funcionários e eles fazem uma visita guiada ao teatro Bernardim Ribeiro.”

Quando chegamos à Avenida 25 de Abril reparamos de imediato no teatro devido à fachada decorada dos três pisos.

Está encimada com máscaras que ladeiam o escudo de Estremoz. Uma forma simbólica de mostrar como o teatro sempre procurou uma profunda relação com a comunidade local.
O teatro foi fundado pelas elites, mas para todos. Os fundadores pretendiam contruir um teatro à semelhança de outros que na havia na região, como o Garcia de Resende de Évora.

Pretendiam dar um teatro à cidade. As elites pegaram no projeto, pagaram do seu bolso e depois ofereceram-no à Câmara. Alguns anos mais tarde o município adquiriu o teatro porque, na verdade, não sobrevivia apenas com os espetáculos.”
No teatro havia “um jardim de inverno onde decorriam os bailes.” No testemunho de Luis Parente “havia uma relação muito intima com a comunidade. Todos os estremocenses se lembram de, desde miúdos, por aqui passarem, para verem uma peça de teatro, música…”

A estreia do teatro foi a 22 de Julho de 1922 com a companhia de Amélia Rey Colaço.
O primeiro de grandes nomes do teatro português recordados em lápides colocadas nas paredes da entrada.

As visitas podem ser realizadas de segunda a sexta-feira das 14h às 20h.
O deslumbrante centenário teatro Bernardim Ribeiro em Estremoz faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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