Os bonecos de Estremoz vivem agora num palácio onde revelam uma arte popular com três séculos e que há cinco anos foi classificada como Património Mundial pela Unesco. A beleza do edifício impressiona e o encantamento é maior com a enorme diversidade de bonecos.
O reconhecimento como Património Mundial do Figurado do Barro de Estremoz foi em 2017, no âmbito de um projeto de salvaguarda e valorização de uma arte que nos oferece bonecos com cores muito vivas, alusivos a temas tradicionais e que são produzidos manualmente.
No Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, podemos ver alguns desses bonecos como a ceifeira, a santinha, o Amor é Cego ou a Primavera, com saia de bailarina e arco florido,.
Se no museu já existente na cidade a perspetiva incide no passado, no Centro Interpretativo o olhar é sobre o presente e o futuro dos bonecos de Estremoz, como diz Hugo Guerreiro, chefe de Divisão de Cultura do Município.
“O presente porque queremos dar a conhecer quem trabalha atualmente na área dos bonecos de Estremoz. Quem é, o que faz, a sua história de vida, o percurso profissional… O Centro aponta também para o futuro porque damos a conhecer o plano de valorização e salvaguarda”.
São várias as salas e o acervo em exposição é de algumas centenas de bonecos produzidos pelos artesãos que estão certificados. Por outro lado, também o visitante pode colocar a mão na massa. “Na sala de exposições temos um espaço com um vídeo onde se ensina a produção dos bonecos. As pessoas podem fazer, depois pintar, numa segunda sessão, e levar para casa.”
Após a classificação como Património Mundial e até ao inicio da pandemia os bonecos de Estremoz incentivaram a visita de turistas a Estremoz. A julgar pela frequência do Centro Interpretativo, mantém-se o interesse.
“Temos tido muitas visitas e também muitas atividades educativas. Tem sido uma mais-valia para a valorização do boneco de Estremoz”
5 anos após a classificação pela Unesco, numa altura em que eram poucos os artesãos, Hugo Guerreiro, que esteve na génese da candidatura, faz um balanço positivo.
“Temos mais artesãos, o seu trabalho está valorizado, quer em termos de reconhecimento, quer ao nível dos preços. Por outro lado, têm poucas peças nas prateleiras, o que é um sinal positivo. Conto que este ano existam mais artesãos certificados.”
Hugo Guerreiro salienta ainda que um dos eixos estratégicos é a aposta na autenticidade do figurado, o respeito pela prática tradicional. “Não há interesse em expandirmos a produção. O objectivo é melhorar a produção.
Pequena, bem remunerada e que permita ao artesão fazer bem o seu trabalho e ter uma vida digna com o produto do seu trabalho. Não está nos nossos horizontes uma produção industrial ou semi-industrial.”
No Centro Interpretativo descobrimos os novos artesãos numa atividade que foi desenvolvida essencialmente por mulheres que procuravam algum rendimento aproveitando a qualidade e a plasticidade do barro de Estremoz.
Na Cidade Branca sobressai outra matéria prima, o mármore, que é também uma das marcas do bonito palácio dos Marqueses da Praia e Monforte. Mais do que a diversa e interessante decoração das salas, o que fica na memória é a imponente escadaria com o vitral e a deslumbrante pintura que envolve todo o teto.
Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz é a casa de um Património Mundial faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.